Uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostra que quase um terço das cidades brasileiras ficaram sem a segunda dose da vacina contra a covid-19 nesta semana.
No levantamento, foram consultados 2.824 municípios – mais que a metade do total -, entre 26 e 29 de abril, e 30,8% deles disseram que não tinham doses para a segunda aplicação.
As Prefeituras também foram questionadas se ficaram sem vacinas para a aplicação da primeira dose.
Dos 2.820 municípios que responderam, quase um quarto (23,9%) afirmaram que sim, e 76,1% disseram que não enfrentaram problemas.
Os números são quase iguais ao do levantamento da semana anterior, quando 23,8% das prefeituras informaram ter ficado sem vacina para a primeira dose.
No entanto, como na pesquisa atual foram ouvidas 724 cidades a mais, o número absoluto de cidades onde faltou vacina para a primeira aplicação é maior.
Na pesquisa anterior, não foi investigada a falta de doses para a segunda aplicação.
A questão foi incluída no levantamento semanal da CNM sobre os problemas enfrentados pelos municípios na pandemia com a multiplicação de relatos da paralisação da campanha de imunização porque os estoques da CoronaVac haviam acabado.
Problema afeta todo o país
Denilson Magalhãoes, consultor da área técnica de saúde da CNM, explica que a falta de vacina afetou cidades de todos os portes, Brasil afora. “Está bem distribuído, afeta todo o país, todo o tipo de cidade”, diz Magalhães.
No entanto, ele afirma ser possível observar que a falta de vacina para a segunda dose foi mais crítica nas regiões Sudeste, com 21% das cidades afetadas, e, especialmente, na região Sul, com 47%.
“No Rio Grande do Sul, faltou vacina para a segunda dose em 451 dos 497 municípios consultados”, diz Magalhães.
Já a falta de vacina para a primeira dose foi maior na região Nordeste, com 29% das cidades informando ter enfrentado esse problema.
“As cidades tinham recebido uma orientação do governo federal de que não tinha necessidade de fazer reserva de doses para a segunda aplicação. Acabou se vacinando muito, e agora começou a faltar porque a demanda foi grande e teve atrasos de produção”, diz Magalhães.
“Estamos reforçando com as cidades a necessidade de guardar doses para garantir a vacinação de toda a população.”
Ministério fará mudanças
Na segunda-feira (26/4), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse durante uma audiência pública no Senado que há “dificuldade” com a entrega da segunda dose da CoronaVac.
O CNM fez uma reunião com o Ministério da Saúde na última terça-feira (28/04) para resolver a questão.
Ficou acordado que o governo federal vai enviar diariamente vacinas para os municípios que enfrentam problemas, de forma emergencial, até a situação normalizar. Essas doses serão descontadas da remessa semanal prevista para essas cidades.
A pasta também anunciou a distribuição de 104,8 mil doses da CoronaVac aos Estados a partir de quinta-feira (29/04).
O Ministério da Saúde divulgou um comunicado para reforçar que a segunda dose da vacina contra covid-19 deve ser tomada mesmo fora do prazo normal, para completar a imunização.
A maioria das vacinas contra a covid-19 testadas e já aprovadas necessitam de duas doses para conferir uma taxa de proteção aceitável. Isso vale para a CoronaVac e o imunizante da AstraZeneca, que são usados atualmente na campanha brasileira.
FONTE: Rafael Barifouse da BBC News Brasil em São Paulo