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IPCA: inflação oficial acelera em março, chega a 6,10% em 12 meses e supera teto da meta para 2021

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FOTO: Reprodução

Taxa ficou em 0,93% em março, maior alta para o mês desde 2015. Principais impactos vieram dos aumentos nos preços de combustíveis (11,23%) e do gás de botijão (4,98%).

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, ficou em 0,93% em março, acima da taxa de 0,86% registrada em fevereiro. Com essa aceleração, o indicador acumulado em 12 meses estourou o teto da meta do governo para a inflação no ano, algo que não acontecia há quatro anos. É o que apontam os dados divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa de 0,93% “é o maior resultado para um mês de março desde 2015, quando foi registrada inflação de 1,32%”, destacou o IBGE.

Os principais impactos na inflação do mês vieram dos aumentos nos preços de combustíveis (11,23%) e do gás de botijão (4,98%).

Salto de 6,10% em 12 meses

No ano, o IPCA acumula alta de 2,05%. Já em 12 meses, a inflação acumula alta de 6,10%, acima dos 5,20% observados nos 12 meses imediatamente anteriores e a maior para esse intervalo de tempo desde dezembro de 2016, quando ficou em 6,29%.

A taxa em 12 meses ficou pela primeira vez no ano acima do limite superior da meta de inflação estabelecida para este ano – o centro da meta é de 3,75%, podendo variar entre 2,25% e 5,25%.

Segundo o IBGE, a última vez que o indicador ultrapassou o teto da meta do Banco Central foi em novembro de 2016, quando ficou em 6,99%. Naquele ano, o teto da meta era de 6,5%.

Apesar de estourar o teto da meta para o ano, o IPCA veio abaixo das expectativas. Pesquisa da Reuters apontou que a projeção de analistas era de alta de 1,03% em março, acumulando em 12 meses alta de 6,20%.

O que mais pesou

Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 6 tiveram avanço nos preços em março. Os Transportes tiveram a maior alta (3,81%) e o maior impacto 0,77 ponto percentual (p.p.) no índice do mês. Veja o resultado para cada um deles:

•Alimentação e bebidas: 0,13%

•Habitação: 0,81%

•Artigos de residência: 0,69%

•Vestuário: 0,29%

•Transportes: 3,81%

•Saúde e cuidados pessoais: -0,02%

•Despesas pessoais: 0,04%

•Educação: -0,52%

•Comunicação: -0,07%

Gasolina tem alta de 23% em 12 meses

Segundo o IBGE, a gasolina (11,26%) foi o item que exerceu o maior impacto sobre o índice do mês, respondendo sozinha por 0,60 ponto percentual (p.p.) do IPCA de março, com variações que foram desde 6,32% em São Luís até 14,45% no Rio de Janeiro.

Os preços do etanol (12,59%) e do óleo diesel (9,05%) também subiram, contribuindo conjuntamente com mais 0,11 p.p. para a taxa de inflação de março.

No acumulado em 12 meses, o etanol tem alta de 25,19%, a gasolina de 23,48% e o diesel de 17,10%.

“Foram aplicados sucessivos reajustes nos preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias entre fevereiro e março e isso acabou impactando os preços de venda para o consumidor final nas bombas. A gasolina nos postos teve alta de 11,26%, o etanol, de 12,59% e o óleo diesel, de 9,05%. O mesmo aconteceu com o gás, que teve dois reajustes nas refinarias nesse período, acumulando alta de 10,46%, e agora o consumidor percebe esse aumento”, afirmou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

O segundo maior impacto sobre o IPCA do mês veio do grupo Habitação (0,81%), principalmente devido ao gás de botijão (4,98%), que acumula alta de 20,01% nos últimos 12 meses, e da energia elétrica (0,76%).

Inflação de serviços sobe bem abaixo do IPCA

Em direção contrária, a inflação de serviços desacelerou para 0,12% em março, após subir 0,55% em fevereiro, evidenciando a recuperação mais lenta do setor, que tem se mostrado o mais impactado pela pandemia de coronavírus e pelas medidas de restrição.

O aluguel de veículo, por exemplo, teve deflação de 14,02%. Também houve queda nos preços de transporte por aplicativo (-3,42%), de pacote turístico (-2,93%), de passagem aérea (-1,96%) e de hospedagem (-1,38%).

Inflação por regiões

No que diz respeito aos índices regionais, todas as áreas pesquisadas pelo IBGE registraram altas em março. A maior inflação foi verificada em Goiânia (1,46%), enquanto que o menor índice foi observado na região metropolitana do Recife (0,62%).

Apesar da aceleração em março, a inflação se espalhou menos pelos produtos e serviços que compõem o IPCA. O chamado Índice de Difusão, que mede a proporção de bens e atividades que tiveram aumento de preços, caiu, de 63,4% em fevereiro, para 62,6% no mês passado, segundo cálculos do Valor Data considerando todos os itens da cesta.

Custos da construção sobem 1,45% em março

O IBGE também divulgou que o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), subiu 1,45% em março. No primeiro trimestre do ano, acumulou aumento de 4,84% e, nos últimos 12 meses, teve um salto de 14,46%, com destaque para o acumulado das parcelas dos materiais, que em 12 meses atingiu 24,61%.

INPC sobe 0,86% em março

Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado como referência para reajustes salariais e benefícios previdenciários, subiu 0,86%, resultado levemente acima do de fevereiro (0,82%) e também o maior índice para um mês de março desde 2015, quando o INPC variou 1,51%. No ano, o indicador acumula alta de 1,96% e, em 12 meses, de 6,94%.

Perspectivas e meta de inflação

“Está claro que há um processo inflacionário de custos no Brasil e não há o que fazer no curto prazo, no entanto o Banco Central está querendo ancorar mais o longo prazo e para isso está jogando contra eventos importantes como a questão fiscal e a alta dos IGPs”, avaliou o economista da Necton, André Perfeito.

A meta central do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, e o intervalo de tolerância varia de 2,25% a 5,25%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que agora está em 2,75% ao ano.

Os analistas das instituições financeiras projetam uma inflação de 4,81% no ano, acima da meta central do governo, mas abaixo do teto, conforme aponta a última pesquisa Focus do Banco Central. O mercado mantém a expectativa para a taxa Selic em 5% ao ano, o que pressupõe novas altas do juro básico.

“Vemos as pressões de alta ainda em curso, por conta da depreciação cambial e da interrupção da cadeia produtiva”, comentou Tatiana Nogueira, economista da XP, que projeta inflação de 4,9% no ano.

Em 2020, a inflação fechou em 4,52%, acima do centro da meta do governo, que era de 4%. Foi a maior inflação anual desde 2016.

FONTE: Darlan Alvarenga e Daniel Salveira G1

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