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Golpe na USP: Suspeita pode ter usado dinheiro de formatura para fins pessoais desde o início dos desvios, diz polícia

Em seu depoimento, estudante de Medicina afirmou que havia resgatado o dinheiro para fazer aplicações, por entender que os recursos não estariam sendo bem administrados

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Segundo a polícia, parte do valor retirado indevidamente foi usado para gastos pessoais

A Polícia Civil de São Paulo informou nesta segunda-feira (23) que a estudante Alícia Dudy Müller Veiga, da Faculdade de Medicina da USP, pode ter usado o dinheiro do fundo da formatura para fins pessoais desde o início dos desvios.

A aluna é suspeita de ter desviado quase R$ 1 milhão que seriam usados para a festa e está sendo indiciada por apropriação indébita.

“Pela documentação apresentada, os extratos apresentados por ela, pela análise que estamos fazendo na investigação, tudo indicia que desde o primeiro resgate ela tenha começado a fazer utilização das quantias em benefício próprio com Pix, com vários pagamentos. E outra parte depois de um mês começam as efetivas aplicações. Então já não conferem as informações dadas por ela, prestadas no interrogatório”, afirma a delegada-titular da 16ª DP (Vila Clementino), Zuleika Gonzalez Araújo.

Segundo a delegada, em seu depoimento, a aluna afirmou que resgatou o dinheiro para fazer aplicações, por ter entendido que os recursos não estavam sendo bem administrados.

“Então ela efetuou esse resgate a princípio para ela. E só depois, em um segundo momento, quando ela começou a aplicar de uma forma errônea, quando ela começou a perder dinheiro, tinha perdido R$ 50 mil, que ela começou a se atrapalhar e usar as quantias em benefício próprio”, afirma. Na opinião da delegada, há um conflito entre as informações coletadas na oitiva de Alícia e o que tem sido apurado.

As investigações apontam, por exemplo, que gastos com o cartão de crédito da estudante ficaram seis vezes maiores após a primeira transferência, em novembro de 2021. “Antes da [primeira] transferência ela tinha uma quantia muito pequena na conta, depois entra a transferência e começam os sucessivos gastos de valores altos, acima de R$ 1.000.”

Os destinos das transferências poderão ser detalhados após análise de informações que a polícia espera receber das contas da aluna. A Justiça de São Paulo decretou a quebra de sigilo bancário da estudante de 25 anos. As instituições financeiras têm até 60 dias pra enviar o material, a partir da data do ofício. A polícia espera traçar a rota do dinheiro retirado pela estudante.

Próximos passos

Investigadores responsáveis pelo inquérito que indicia Alícia Dudy Müller Veiga por apropriação indébita, analisam documentos entregues pela defesa da estudante. Dentre os materiais periciados estão extratos bancários do Banco do Brasil, além de cópia de e-mails e trocas de mensagens de Alícia.

A polícia também apura se Alicia agiu sozinha ou se teve ajuda de alguém. Em paralelo à análise documental, os investigadores aguardam o depoimento de uma pessoa próxima a Alícia, previsto para acontecer na manhã de terça-feira (24).

A partir do novo depoimento, os investigadores pretendem analisar o grau de envolvimento que essa pessoa tem com a estudante e se ela poderia ter se beneficiado com os desvios.

Vaquinha online

Alunos que compõem a comissão de formatura da 106ª turma de medicina da USP lançaram neste domingo (22), uma campanha virtual para arrecadar fundos para a festa de formatura.

Em uma publicação nas redes sociais, os estudantes escrevem: “o dinheiro arrecadado foi pago em parcelas ao longo de quatro anos e muitos colegas nossos e seus familiares se sacrificaram pela realização de ter uma festa de formatura”.

Os alunos afirmam ainda que integram a “primeira turma a incluir a adesão social para aqueles que tinham esse sonho, mas não conseguiram encarar o valor integral”.

De acordo com os estudantes, “toda doação é bem-vinda”. Mas eles também prepararam incentivos para valores mais altos.

Os 20 doadores que doarem R$ 1.500 terão direito a um convite. Já os primeiros dez doadores que doarem R$ 3.000 terão direito a mais dois convites, além daquele de quem doou. E as primeiras sete pessoas que doarem R$ 9.000 reais terão direito um convite, mais sete convidados e uma mesa.

Em outra publicação, os estudantes afirmam que, apesar de estarem tomando todas as medidas judiciais cabíveis e tentando reaver o dinheiro, é improvável que isso se resolva em menos de dois anos. “Caso consigamos um acordo favorável ou a redução do custo dos produtos, nosso objetivo será doar o dinheiro extra para os projetos sociais desempenhados pelos alunos da FMUSP, ou devolvê-lo integralmente aos doadores de forma proporcional”, escrevem.

Além da campanha de arrecadação, os alunos também usam as redes sociais para pedir ajuda a influenciadores e celebridades, como a cantora Anitta e o criador de conteúdo Casimiro.

Investigação paralela

Alícia também é alvo de outro inquérito, tocado pela Divisão de Investigações Criminais de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, no qual é investigada por estelionato e lavagem de dinheiro. Ela é acusada de ter dado prejuízo de cerca de cerca de R$ 192 mil a uma casa lotérica em 2022, após ter pedido uma série de apostas e não ter pago por elas.

FONTE: Por CNN

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