Produção de mais de 9 mil famílias em 15 municípios está sendo afetada pelo aumento do nível dos rios.
A cheia dos rios no Amazonas já causou perdas agrícolas estimadas em mais de R$ 70 milhões. Ao todo, a produção de mais de 9 mil famílias, em 15 municípios, já está sendo afetada pelo aumento do nível dos rios.
Os dados fazem parte de um levantamento feito pelo Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), que monitora a situação da produção agrícola das regiões afetadas no estado.
Conforme o Instituto, o levantamento foi feito em 15 municípios do estado que já são afetados pela cheia dos rios. As localidades que já tiveram as produções agrícolas afetadas ficam nas regiões dos rios Médio Solimões, Purus, Juruá e Madeira.
Nos municípios atingidos pela cheia, conforme o levantamento feito pelo Idam, 9.169 famílias já foram afetadas e tiveram suas produções agrícolas atingidas pelo aumento das águas. Entre as principais culturas cultivadas estão a banana, a mandioca, o mamão e as hortaliças.
Em Manaucapuru, no interior do AM, a cheia no rio Solimões, que atinge o município, também já atingiu a área de produção agrícola da região. Produtores da área lamentaram as perdas que o fenômeno tem causado para o cultivo deles.
“Aqui, no ano passado, estava em terra. As canoas que a gente pesca estão no roçado, ano passado elas ficavam lá para o galpão ainda. Esse ano já está aqui. Dá até para pescar aqui no roçado já. A cheia aqui preocupa e muito. Aqui já era. Perca total mesmo”, lamentou o agricultor Jander Santos.
Em Manacapuru, produtores da várzea são prejudicados com cheia
De acordo com a Defesa Civil, o nível do rio em Manacapuru chegou a 18,54 metros e ultrapassou a cota de alerta de 18 metros, na segunda-feira (5). A marca está 1,96 m acima do registrado no mesmo período do ano passado.
Ainda conforme os dados, o nível do rio na cheia deste ano já supera de 2012 e 2015, as duas maiores cheias registradas na região do baixo Rio Solimões, onde fica localizado o município de Manacapuru.
Municípios atingidos
- Tefé
- Boca do Acre
- Pauini
- Lábrea
- Tapauá
- Canutama
- Guajará
- Ipixuna
- Envira
- Eirunepé
- Itamarati
- Juruá
- Carauari
- Manicoré
- Novo Aripuanã
Apoio aos produtores
De acordo com o diretor técnico do Idam, Luiz Carlos do Herval Filho, as equipes de técnicos do Instituto atuam em ações de crédito emergencial em todos os municípios e a lei da anistia também apoia os produtores afetados, seja na anistia parcial ou total.
“Estamos atuando ainda na entrega de 13.700 kits da agricultura familiar, além do apoio logístico no transporte das equipes da Defesa Civil nas ações emergenciais. Atualmente, essas famílias contam com a ajuda de programas sociais até que o nível das águas diminua e os produtores possam iniciar os plantios em áreas de várzea”, informou Luiz.
Além dos kits, órgãos estratégicos também se reuniram no último sábado (3), onde discutiram o planejamento e execução do Plano Emergencial de Crédito Rural. O plano do Governo do Estado prevê um volume de recursos na ordem de R$ 4 milhões destinados, inicialmente, aos municípios das calhas do Juruá e Purus.
Conforme o Idam, para acesso ao crédito emergencial será dispensada a apresentação da Licença Ambiental ou Declaração de Inexigibilidade até 30 de junho de 2021. Será exigido apenas o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o demonstrativo do documento ativo e sem restrição.
A concessão de anistia é limitada aos municípios reconhecidos em situação de calamidade pública ou estado de emergência.
Cheia dos rios no Amazonas
Até o dia 26 de março, quase 100 mil pessoas já eram afetadas com a cheia no Amazonas, segundo dados divulgados pela Defesa Civil. Na ocasião, 41 municípios já haviam decretado situações de atenção, emergência e transbordamento.
De acordo com a Defesa Civil, 97.894 mil pessoas que vivem em municípios das calhas dos rios Juruá e Purus – em situação de emergência – já estavam sendo afetadas pelo aumento no nível dos rios no Amazonas.
FONTE: Patrick Marques, G1 AM