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Amy Winehouse: as revelações de documentário 10 anos após morte

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REUTERS Legenda da foto, O documentário "Claiming Amy" busca mostrar o outro lado da talentosa mas problemática cantora e compositora britânica

A morte de Amy Winehouse completou 10 anos. Naquele sábado, 23 de julho de 2011, a icônica e rebelde cantora e compositora britânica morreu ao não conseguir superar sua dependência de álcool e outras drogas ilícitas. Ela tinha 27 anos.

Para coincidir com o aniversário, Janis Winehouse-Collins, a mãe de Amy, lançou um novo documentário sobre a vida da estrela musical. Ele tem imagens não publicadas e entrevistas com amigos e familiares mais próximos da cantora.

Os pais da artista, Mitch e Janis, conversaram com o repórter de música da BBC Mark Savage em um dos clubes de Londres onde Amy se apresentou para discutir como eles procuram recuperar a imagem de sua filha.

O documentário se chama Reclaiming Amy (“Recuperando Amy”, em tradução literal) e seus produtores buscam mostrar diferentes aspectos da deslumbrante mas problemática cantora, assim como de seus pais, que apontam ter sofrido com um tratamento “belicoso” e “ácido” vindo da imprensa durante o momentos de crise de Amy Winehouse.

Mitch e Janis, pais de Amy Winehouse, falaram com a BBC no Jazz Café, em Londres, onde a cantora se apresentou.
Legenda da foto,Mitch e Janis, pais de Amy Winehouse, falaram com a BBC no Jazz Café, em Londres, onde a cantora se apresentou

“O que estamos tentando conseguir é uma imagem mais completa de Amy”, explica Mitch Winehouse. Para isso, o filme mostra imagens e depoimentos inéditos da artista.

Em antecipação ao documentário exibido pela BBC 2 no Reino Unido, os pais de Amy voltaram para Camden, a região repleta de casas noturnas do norte de Londres tão amada pela cantora.

“Eu me lembro da Amy se apresentando neste palco (Jazz Café), o lugar estava explodindo”, diz Mitch.

Desde seu primeiro álbum, Frank, lançado em 2003, os críticos têm sido praticamente unânimes em elogiar o frescor, a franqueza e o discernimento das letras de Amy.

Mas foi seu segundo álbum, Back to Black (2006), que a estabeleceu como uma cantora e compositora espetacular e talentosa, alçando Amy ao estrelato internacional.

O álbum recebeu inúmeros prêmios, incluindo cinco Grammys em uma cerimônia à qual ela não pôde comparecer porque os Estados Unidos não permitiram sua entrada devido ao seu histórico de uso de drogas.

Perseguição implacável da imprensa
Amy Winehouse no festival de Glastonbury
Legenda da foto,Amy Winehouse alcançou rapidamente a fama

Curiosamente, as canções desse álbum não contêm apenas amostras do talento de Amy mas também a explicação nítida de seus problemas pessoais, particularmente no single Rehab.

Nessa música, ela aponta uma relutância em ir a um centro de reabilitação para alcoólatras, cantando aberta e descaradamente “Eu não vou, não, não, não”.

A partir daí, a imprensa não a deixou em paz, documentando seus excessos em bares e palcos com cobertura implacável.

“Eles a chamavam de bêbada, de drogada, viciada em drogas”, disse Mitch à BBC, observando que isso era normal há 10 ou 12 anos. “Não acho que eles poderiam se safar hoje. Acho que há mais compreensão com as questões de saúde mental agora do que antes.”

Durante esse tempo, Mitch se tornou o rosto público da família, mas também foi muito criticado pela maneira como lidava com os assuntos pessoais e profissionais de Amy. “Ainda recebo críticas. Há pessoas na imprensa que dizem que matei minha filha”, diz.

O documentário não foge dos momentos mais sombrios da cantora, mas tanto Mitch quanto Janis tentam explicar as dificuldades que uma família pode enfrentar quando um ente querido sofre com a doença do alcoolismo e da toxicomania.

“Erros foram cometidos quando Amy estava doente”, Janis reconhece a certa altura. “Só em retrospecto agora percebo o quão pouco entendíamos a situação.”

Mas Mitch intervém para dizer que o que eles fizeram não pode ser considerado um erro.

“Não existe uma maneira boa ou ruim de lidar com isso (o vício)”, diz ele, acrescentando que as únicas pessoas que conseguem entender isso são aquelas que lidam com o problema na família.

“Como uma família, quebramos nossas cabeças, quantas vezes tivemos intervenções familiares? Perdi a conta. Quantas vezes eu a levei para a reabilitação e ela foi embora no dia seguinte?”, diz.

‘Desejo de ser mãe’
Mitch e Amy Winehouse
Legenda da foto,Mitch afirma que a imprensa ainda critica a maneira como ele conduziu a vida profissional e pessoal de Amy

O documentário também entrevista as amigas mais próximas de Amy: Naomi Parry, Chantelle Dusette e Catriona Gourlay.

A última revela pela primeira vez que ela e Amy tiveram um relacionamento romântico.

Embora Mitch enfatize que não pode comentar sobre caso porque não sabia nada sobre a vida sexual de sua filha, ele afirma que “Catriona e Amy eram como irmãs. Elas eram muito mais do que melhores amigas.”

Naomi Parry, por sua vez, diz que Amy queria ser mãe, fato que é confirmado por uma sequência da cantora no documentário onde ela timidamente menciona: “Em 10 anos, eu gostaria de ter um casal de filhos”.

Os pais de Winehouse mencionam que todo dia 23 de julho, familiares e amigos se reúnem no cemitério e fazem um almoço em comemoração a Amy.

“Nos primeiros 10 minutos começamos a chorar e depois disso acabamos explodindo de rir de uma nova anedota de Amy”, disse Mitch em um tom mais de celebração do que de tristeza.

“Minha piada é: ‘Agora eu sei onde ela está'”, acrescenta Janis, rindo.

“Mas é verdade”, responde Mitch.

FONTE: BBC NEWS

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