O Major Joscilênio Fernandes, da Polícia Militar (PM), responsável pelas buscas do helicóptero que desapareceu no litoral norte de São Paulo, afirmou à CNN que a operação é “como procurar uma agulha no palheiro”.
Às 7h30 desta sexta-feira (5), começou o quinto dia de buscas pelo helicóptero desaparecido. A aeronave sumiu do radar no domingo (31), mas as operações de resgate começaram no dia seguinte.
Segundo o Major, neste quinto dia de operação, cinco tripulantes da PM voaram em direção à Ilhabela para auxiliar nas buscas. De lá, retornam para São José dos Campos, onde uma base foi montada.
Para o PM, a maior dificuldade na operação está nas condições climáticas, que não são favoráveis desde o dia do desaparecimento. Além disso, é uma região montanhosa e de serra do mar, fatores que dificultam a visualização da aeronave.
“O helicóptero é cinza, e se ele tiver debaixo das árvores, uma vegetação espessa, fica muito mais difícil o trabalho visual, por mais que a gente seja treinado para isso e estejamos voando baixo”, afirma Fernandes.
O Major relata também que já voou na região e teve que fazer um pouso de emergência na época. “A decisão do piloto de fazer um pouso de emergência, próximo a uma represa, foi uma decisão sensata no meu modo de ver”.
O raio de buscas está sendo mantido na serra do mar, entre Salesópolis, Natividade da Serra e Caraguatatuba.
“É uma área muito extensa, pois não sabemos qual foi a tomada de decisão do piloto após ter feito o pouso forçado. Ele iria pra Ilhabela, depois Caraguatatuba e talvez Ubatuba. Não vamos cansar enquanto não acharmos o helicóptero. Mas não é um trabalho fácil”.
Quem é o piloto do helicóptero
A aeronave desaparecida era pilotada por Cassiano Tete Teodoro, 44 anos. Ele teve sua licença e as habilitações cassadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por causa de “condutas infracionais graves à segurança da aviação civil”. A agência reguladora diz que ele chegou a recorrer, mas a decisão foi mantida.
“Cassiano Tete Teodoro foi cassado em decorrência, entre outros motivos, de evasão de fiscalização, fraudes em planos de voos e práticas envolvendo transporte aéreo clandestino”, acrescenta a Anac.
Ainda de acordo com a agência, “em outubro de 2023, após observar prazo máximo legal para a penalidade administrativa de cassação, que é dois anos, o piloto retornou ao sistema de aviação civil ao obter nova licença com habilitação para Piloto Privado de Helicóptero (PPH)”. “Essa licença não dá autorização para realização de voos comerciais de passageiros”, finaliza a Anac.
A advogada Érica Rodrigues Zandoná, que representa o piloto, diz que “a defesa se resguarda o direito de não comentar até averiguar todos os fatos junto ao seu cliente”.
Quem mais estava a bordo
O empresário Raphael Torres, 41 anos convidou a amiga Luciana Rodzewics, 46, e a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, 20, para o voo.
Segundo o namorado de Letícia, o militar Henrique Thiofilo Stellato, a ideia do grupo era fazer um “bate-volta” em Ilhabela.
Na quarta-feira, o Stellato afirmou que a família iria organizar uma vaquinha para contratar pessoas que possam auxiliar nas buscas. A iniciativa, porém, foi suspensa posteriormente.
Helicóptero chegou a fazer pouso de emergência
Por conta da falta de visibilidade, o piloto chegou a fazer um pouso de emergência em uma área de mata. Letícia mandou mensagem ao namorado dizendo que o tempo estava ruim e que não havia condições para o voo. Ela não soube precisar o local da aterrissagem.
Às 14h42, o piloto Cassiano Tete Teodoro entrou em contato com o heliponto no qual iria pousar e relatou que estava com dificuldades para cruzar a serra. Às 14h49, o piloto disse que ainda procurava um ponto com céu limpo para subir com o equipamento e passar da camada de nuvens. Pouco mais de cinco minutos depois, Cassiano diz que tentaria “ir por cima”.
Por volta de 15h13, o operador do heliponto voltou a tentar contato com a aeronave, mas não houve retorno. O último registro do equipamento nos radares foi por volta de 15h, quando o helicóptero sobrevoava a Serra do Mar na altura da cidade de Caraguatatuba, também no litoral norte.
Como é o helicóptero desaparecido
O equipamento que seguiria rumo a Ilhabela é um Robinson R44 que foi fabricado em 2001 e tem capacidade para três passageiros e o piloto.
Segundo a Anac, o helicóptero, cujo prefixo é PR-HDB, não tem permissão para realizar o serviço de taxi aéreo, mas a documentação do Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade está em situação regular, com validade até junho de 2024.
A aeronave desaparecida está pintada com as cores preta e cinza. Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (4) o especialista em segurança aérea Lito Souza afirmou que as cores do equipamento dificultam as buscas, já que podem gerar uma espécie de camuflagem em relação à vegetação.
FONTE: Por CNN