A justiça do Amazonas prorrogou a prisão do técnico de vôlei Walhederson Brandão Barbosa, de 40 anos, por mais 30 dias, após a Polícia Civil descobrir mais vítimas do treinador. Ele é suspeito de estuprar atletas adolescentes. Em novembro deste ano, o técnico foi flagrado dormindo na cama dele com dois jogadores de 15 anos.
Walhederson Brandão, que atuava na Seleção Amazonense de Vôlei da Categoria Sub-16, foi preso na manhã do dia 14 de novembro. Após a prisão, a Polícia Civil identificou pelo menos 10 vítimas do técnico de vôlei.
Nesta quarta-feira (13), a delegada titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (Depca), Joyce Coelho, disse que o número de vítimas saltou para 17.
“Contando com os meninos que foram apreendidos na casa dele, durante o dia do cumprimento do mandado e as consequentes buscas”, informou a delegada. Segundo a polícia, todos são meninos com idades entre 16 e 17 anos.
Com as novas denúncias e a partir das buscas feitas pelos investigadores após a detenção do técnico, a Polícia Civil decidiu pedir a prorrogação da prisão temporária por mais 30 dias. A justiça aceitou o pedido na segunda-feira (11).
Conforme Joyce Coelho, o novo prazo é fundamental para a conclusão do inquérito que vai pedir a prisão preventiva do técnico. A delegada afirmou que a investigação é complexa.
“Tanto pelos fatos, pelos crimes envolvidos, já considerando a exploração sexual, pelo fato dele fazer essa troca com os meninos, trocar os atos sexuais por oferecimento por melhoras no esporte, ascensão, contratação em equipes de vôlei, alguns presentes e até, também, o estupro de vulnerável”, disse.
Segundo a delegada, um adolescente comprovou que começou a ser aliciado pelo técnico quando ainda era criança.
Em novembro, Joyce Coelho afirmou que o técnico praticava atos sexuais contra os adolescentes com a promessa de torná-los atletas profissionais em times de prestígio.
“Chamamos isso de exploração sexual. Não é apenas a troca financeira, é a troca por um crédito no celular, um tênis que rasgou, pela camisa. É uma situação que a maioria dos garotos. Eles estão em vulnerabilidade socio-econômica”, disse a delegada, na ocasião.
Preso durante operação
A Operação Bloqueio, que resultou na prisão de Walheberson, ocorreu no início da manhã do dia 14 de novembro deste ano, em Manaus. Policiais civis da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (Depca) prenderam o técnico de vôlei casa dele, na Vila da Prata, na Zona Oeste.
Quando os investigadores entraram na casa do suspeito, seis adolescentes estavam morando com ele. De acordo com a polícia, dois adolescentes de 15 anos estavam dormindo com o técnico na cama dele.
Ainda segundo a polícia, o técnico filmava os estupros.
A justiça decretou a prisão temporária dele, por 30 dias. O homem deve responder por favorecimento à prostituição e exploração sexual dos próprios alunos.
Entidades se pronunciam
Após a prisão do treinador, instituições ligadas ao esporte se pronunciaram.
A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) disse que determinou à Federação Amazonense de Voleibol o afastamento imediato de Walhederson Brandão Barbosa das funções, e que suspendeu o registro dele na entidade. “Não podendo ele atuar ou participar de nenhuma competição oficial de voleibol até que os fatos sejam devidamente apurados”, disse, em nota.
A CBV também afirmou que repudia qualquer tipo de assédio. “Trabalha de forma incessante por um ambiente pautado pela ética e pelo respeito, e livre de qualquer tipo de violência ou preconceito”, finalizou.
Também em nota, a Federação Amazonense de Voleibol informou que a instituição não tolera qualquer tipo de assédio e o técnico foi suspenso:
“Seus profissionais devem ter, além da competência que o cargo exige, compromisso com a conduta pessoal. Enquanto as autoridades tomam as devidas providências, a FAV opta por suspender o referido técnico de todas as atividades oficiais desta federação, bem como suspender por tempo indeterminado o registro Nacional de treinador no Sistema Nacional de Registro”, diz a nota.
A entidade afirmou que não recebeu registros que indicassem a ocorrência dos casos registrados pela Polícia Civil.
“A Federação Amazonense de Voleibol em nenhum momento, em busca de qualquer atitude nociva de treinador, encontrou qualquer tipo de ocorrência que nos levasse ao conhecimento das atitudes repugnantes do envolvido”, diz a instituição.
FONTE: Por G1 AM