A mulher mais poderosa da Coreia do Norte tem a fisionomia de uma princesa angelical, mas é descrita pelo acadêmico e biógrafo Sung-Yoon Lee como a primeira déspota nuclear do mundo ou co-ditadora com o dedo no botão nuclear, capaz de ordenar a execução de qualquer pessoa por puro capricho.
Trata-se de Kim Yo-jong, a irmã mais nova do ditador Kim Jong-un, que vem se destacando como conselheira e porta-voz do regime mais isolado do mundo.
Ela teve papel atuante na recente viagem do ditador à Rússia, este mês, assim como esteve a seu lado há quatro anos, no encontro com o ex-presidente americano Donald Trump, no Vietnã.
Responsável pela política externa do país, há dez anos ela desempenha a função de censora-chefe, dirigindo o Departamento de Propaganda.
Autor do livro “The sister” (“A irmã”), Lee alerta que Yo-jong, com idade estimada em 35 anos, não deve ser menosprezada.
Ela exerce o poder real, como número dois do regime, atrás somente do irmão na dinastia que comanda o país há 75 anos: é retratada como a sucessora de Kim Jong-un, embora recentemente o ditador tenha levado a filha Ju-ae, de 10 anos, a alguns eventos públicos.
Kim Yo-jong não se intimida diante de poderosos e, segundo Lee, é mais beligerante do que o irmão. Chamou Joe Biden de “velho sem futuro” e o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, de tolo, ao reagir com ameaças de retaliação a um pacto de segurança firmado pelos dois líderes, em abril passado.
Ela alinha posições com a Rússia na guerra empreendida contra a Ucrânia: “Estaremos sempre no mesmo campo de batalha com o Exército russo e o povo que luta pela dignidade e honra do seu país, por sua soberania e segurança”, declarou em janeiro.
De acordo com o escritor, Yo-jong compartilha responsabilidades com o irmão-ditador em crimes contra a humanidade. Ambos estudaram e moraram juntos na Suíça. São muito próximos, e Yo-jong tornou-se a sua principal confidente.
Pode-se dizer que, apesar de atuar nos bastidores, a grande estreia pública de Kim Yo-jong foi em 2018, quando liderou a delegação da Coreia do Norte nos Jogos Olímpicos de Inverno, na Coreia do Sul, e sentou-se a poucos metros do então vice-presidente dos EUA, Mike Pence.
Sua presença inédita no lado sul da península coreana foi retratada como uma ofensiva de charme, mas esta imagem se desfez, com o tempo, em insultos e ameaças apocalípticas contra os inimigos do regime.
No livro de Lee, que atuou como conselheiro para Coreia do Norte em governos dos EUA, ela é descrita como diabólica e arrogante.
FONTE: Por G1