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Pedido de massagens e ida à casinha: como Padre Airton atraía vítimas, segundo denúncias de estupro

Religioso está preso e internado em estado grave num hospital no Recife. Das cinco pessoas que denunciaram estupros, g1 e TV Globo conversaram com três.

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Casa de taipa onde morava o padre Airton Freire — Foto: TV Globo/Reprodução

As denúncias de estupro contra o Padre Airton, criador da Fundação Terra, têm elementos em comum. Das cinco pessoas que denunciaram os casos, três foram ouvidas pelo g1 e pela TV Globo. A defesa do padre nega as acusações. O religioso está preso preventivamente e internado em estado grave num hospital no Recife, com “princípio de acidente vascular cerebral (AVC)”.

Elas disseram ter sido levadas para a “casinha” onde o religioso dormia, e afirmaram, ainda, que uma massagem precedia os abusos que teriam sido praticados por ele e por funcionários.

As pessoas ouvidas pela reportagem foram Silvia Tavares, a primeira a levar o caso a público; uma mulher que não quis se identificar e que diz ter sido abusada um ano e meio antes da denúncia de Silvia; e um homem, que também não quis se identificar, que é ex-funcionário do padre.

Nos depoimentos, as pessoas dizem que o padre:

  • Pedia que as pessoas fossem à “casinha”, um casebre com telhado de palha onde ele dormia. Ela fica na Fazenda Malhada, onde fica um complexo da Fundação Terra onde eram realizados retiros espirituais;
  • Ficava nu sobre a cama, coberto por um lençol, e pedia que as pessoas fizessem massagem nele;
  • Se masturbava na frente das pessoas;
  • Era uma espécie de conselheiro espiritual e mantinha relação de proximidade com essas pessoas antes de pedir que elas frequentassem a “casinha”;
  • Mantinha capangas armados em toda a Fundação Terra.
Imagem de arquivo mostra o Padre Airton Freire na Fundação Terra — Foto: Reprodução/Fundação Terra
Imagem de arquivo mostra o Padre Airton Freire na Fundação Terra — Foto: Reprodução/Fundação Terra

Em dois dos casos, o de Silvia Tavares e da mulher que não quis se identificar, havia funcionários do padre dentro da casinha. No primeiro caso citado, o padre teria mandado o motorista Jailson Leonardo da Silva, que está foragido, estuprar Silvia Tavares.

No segundo, havia um funcionário responsável pelo canil. O nome dele não foi divulgado. Ele, segundo a mulher, alisava o padre, que se masturbava e pedia que ela tirasse as roupas e se deitasse com os dois homens.

No caso do homem, ele diz que, por ter sido funcionário de Padre Airton, os abusos e tentativas duraram muito tempo. Em uma ocasião, ele afirma ter sido dopado pelo religioso, e ter acordado só de cueca numa cadeira.

Confira, abaixo, trechos das três denúncias:

“A cena que eu encontrei foi Airton deitado, de bruços, com um lençol de seda. Aí eu olhei para ele e disse: ‘Padinho’, como eu chamava, ‘aconteceu alguma coisa? Está precisando da minha ajuda?’. Aí ele chegou e disse: ‘Minha princesa, é o seguinte. Eu passei a noite todinha, pregando, rezando, principalmente por você, então eu queria uma massagem'”, disse Silvia Tavares.

“Aí eu fui fazer a massagem nele. Eu apertava tanto o pé dele. Aí eu primeiro disse: ‘se emborque, se componha, tenha vergonha’ […] Ele simplesmente disse assim: ‘meu filho [funcionário do canil], venha para cá. Aí, quando eu vi, o cabra do canil pulou para a cama, começou a alisar ele. […] Ele mesmo emborcado continuava se masturbando. E depois o filho se alisando nele todinho'”, disse a mulher que não quis se identificar.

“Teve uma noite que ele colocou alguma coisa na garrafa da água que ficava em cima de uma mesinha próxima à janela, em que ficam remédios, frutas. E eu sempre tomei água lá. Peguei a garrafa umas 23h, tomei a minha água, e deitei na rede. Quando foi 5h e poucas, acordei numa cadeira próxima à mesinha, só de cueca. E senti meu corpo, né? A gente sente o corpo da gente diferente”, afirmou o homem.

Defesa do padre

Por meio de nota, a defesa do padre Airton afirma que ele reitera ser “inocente” das acusações. Os advogados dizem que vão tentar conseguir um habeas corpus para o padre, e afirmam não terem tido acesso aos autos da investigação.

Eles também consideram que a prisão preventiva de Padre Airton não tem pré-requisitos legais, e que ela “contraria todas as previsões da legislação brasileira e até do direito internacional”.

“Airton Freire é um homem de 67 anos com sérias restrições de saúde. Desde que começou a ser alvo das acusações que refuta, afastou-se das funções eclesiásticas e da presidência da Fundação Terra, onde desenvolveu um trabalho social que atendeu milhares de pessoas nos últimos 40 anos. Além disso, manteve-se isolado e jamais incentivou manifestações ou atos que prejudicassem as investigações, apesar de receber o apoio voluntário de milhares de fiéis. E, por último, apresentou-se espontaneamente às autoridades quando da decretação da prisão preventiva”, afirma.

Os advogados do padre também dizem que ele não atrapalhou as investigações, não coagiu testemunhas e que não há perigo de “eventuais práticas criminosas que possam pôr em risco as supostas vítimas”.

“Os relatos levados às autoridades policiais remetem a supostos episódios de quase um ano atrás ou mais antigos, não sendo recentes para justificar uma prisão”.

Relembre o caso
  • Em maio, Silvia Tavares de Souza denunciou que foi estuprada pelo motorista de padre Airton, Jailson Leonardo da Silva, a mando do religioso;
  • Segundo Silvia Tavares, o estupro aconteceu no dia 18 de agosto de 2022, em uma propriedade da Fundação Terra;
  • Desde a denúncia, Padre Airton está suspenso das atividades religiosas;
  • Padre Airton foi preso na sede da Fundação Terra, em Arcoverde, após o cumprimento de um mandado de prisão preventiva.

FONTE: Por G1

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