Quatro pessoas foram presas acusadas de envolvimento em crimes de violência contra adolescentes na plataforma Discord. Os abusadores não só ameaçam as meninas pela internet, como também atraem as vítimas para locais onde elas são humilhadas e agredidas. O Fantástico mostrou como opera a rede de criminosos que age no aplicativo.
“Eles são sádicos, misóginos, eles têm um asco, um avesso por mulheres”, afirma o delegado Fábio Pinheiro Lopes.
Veja a lista dos envolvidos:
Izaquiel Tomé dos Santos, “Dexter”, de 20 anos
- Izaquiel, conhecido como “Dexter”, está preso desde abril. Ao todo, a polícia identificou nove vítimas de Dexter. Ele é apontado como o torturador que tratava uma adolescente como escrava sexual em um vídeo da investigação. O Fantástico também encontrou outras 5 vítimas do jovem. Entre as evidências, estão fotos de meninas nuas, mutiladas com uma assinatura: o nome Dexter escrito com lâmina na pele. À Polícia Federal, Izaquiel admitiu ter chantageado garotas para que elas se mutilassem.
Carlos Eduardo Custódio, “DPE”, de 21 anos
- O jovem de 19 anos, conhecido como DPE, é acusado de aliciar adolescentes que fugiram de casa. Entre as vítimas, está uma jovem de 13 anos de Joinville, Santa Catarina.
- Em uma chamada ao vivo, Carlos Eduardo aparece agredindo fisicamente uma adolescente.
- Carlos Eduardo está foragido.
Victor Hugo Souza Rocha, “Verdadeiro Vitor”, de 21 anos
- Na reportagem, Vitor Hugo mostra um arquivo nomeado como: “backup das vagabundas estupráveis”. Em cada pasta, o nome de uma vítima. São dezenas de meninas violentadas, chantageadas, expostas e catalogadas. Ele foi preso e teve um HD apreendido.
Gabriel Barreto Vilares, o “Law”, e William Maza dos Santos, o “Joust”
- Gabriel é acusado de ser uma das pessoas que violentaram sexualmente de uma garota de Joinvillle. Gabriel e William, o “Joust”, foram presos na última sexta-feira (23).
O que diz a defesa dos acusados?
Procurados pelo Fantástico, os advogados e as famílias de Carlos Eduardo, Gabriel, Vitor e William não quiseram falar com a reportagem.
Investigação
Além da responsabilização individual dos agressores, o Ministério Público de São Paulo também investiga o próprio Discord.
“Nós estamos apurando, através de um inquérito civil, a falta de segurança da plataforma Discord. Crimes individuais sempre vão ocorrer na internet. O que diferencia é a detecção de que nessa plataforma está ocorrendo um discurso estruturado de ódio. Um local propício para que eles planejem ataque as vítimas e, principalmente, transmitam o conteúdo do crime”, declara o promotor de Justiça de São Paulo Danilo Orlando.
O que diz o Discord?
Em entrevista ao Fantástico, o porta-voz do Discord disse que a plataforma “não tolera comportamento odioso”. “Nós somos um produto gratuito para mais de 150 milhões de usuários ao redor do mundo, e de tempos em tempos, conteúdo mau e comportamento mau vão acontecer. Nós trabalhamos ativamente para remover esse conteúdo”, afirmou o porta-voz.
“Gostaria de enfatizar que a vasta maioria das interações de brasileiros usando Discord são positivas e saudáveis. Nós somos proativos e investigamos grupos que podem estar envolvidos em ameaças a crianças e trabalhamos para tirar esses agentes ruins da plataforma”.
FONTE: Por G1