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Sandra Mathias cita homofobia, nega racismo e diz que usou guia contra entregador para ‘se defender’; vídeo mostra bate-boca

O g1 e a TV Globo tiveram acesso ao depoimento da ex-atleta no inquérito que apura agressões e injúria. Vídeo mostra Sandra usando uma guia de goleira para bater em entregador.

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A ex-atleta Sandra Mathias Correia de Sá após dar seu depoimento na 15ª DP (Gávea) — Foto: Reprodução TV Globo

O g1 e a TV Globo tiveram acesso ao depoimento da ex-jogadora de vôlei e nutricionista Sandra Mathias Correia de Sá, investigada por agressões e injúria contra entregadores. À polícia, ela disse que foi vítima de homofobia por parte de Max Angelo e Viviane Maria Teixeira, negou as acusações de racismo e disse que usou a guia da coleira para “se defender” do entregador Max, a quem aplicou golpes semelhantes a chicotadas.

O depoimento foi na segunda-feira (17), na 15ª DP (Gávea), oito dias após as principais agressões, na calçada do prédio dela e onde fica a loja onde os entregadores trabalham, em São Conrado, na Zona Sul do Rio.

No entanto, em imagens que viralizaram logo após a Semana Santa, Sandra e Viviane discutem:

  • Sandra: Eu fiz o que para você, rapaz?
  • Viviane: Rapaz, não, sou mulher!
  • Sandra: Ah, é mulher? Não está parecendo!

O g1 apurou que logo após deixar a 15ª DP, Sandra Mathias seguiu com o seu advogado para o Instituto Médico-Legal (IML), onde fez exame de corpo de delito. Ela chegou ao local por volta das 17h e foi embora 20 minutos depois.

Sandra confirmou que a confusão começou em 4 de abril, quando o Max Angelo passou perto dela na calçada onde os trabalhadores se reúnem, ao lado do prédio dela. Cinco dias depois, em outra briga, ela foi filmada atacando Max, que é negro, com a guia da coleira do cachorro dela, com uma chicotada.

O que disse Sandra no depoimento sobre 4 de abril:

  1. que conhecia Max e Viviane de vista, junto a outros entregadores;
  2. a briga começou após Max passar perto dela com a bicicleta, o que entendeu como “desrespeito”;
  3. que reclamou com Max dizendo: “Poxa, cara, tem necessidade de você passar do meu lado assim? Eu vou te denunciar”, e que Max respondeu: “Não f*de! Não enche o saco!”;
  4. que foi à loja de entrega e pediu um telefone para denunciar o entregador e que ligou, mas ninguém retornou;
  5. que enquanto pedia informações na loja, Max a filmava e dizia “palavras homofóbicas e provocativas”, e que ela disse: “Você é homofóbico”, mas não prestou queixa;
  6. negou que tenha feito ofensas racistas ou preconceituosas, que só lembra de ter xingado ele de “filho da p*ta” e o mandado “se f*der”, e que as agressões verbais foram recíprocas.

O que disse Sandra no depoimento sobre 9 de abril:

  • que passava na calçada com sua cachorra quando Viviane falou: “E aí, mano? Quando você vai parar de me cuspir?”; e que nunca cuspiu em ninguém na vida;
  • que Viviane continuou as provocações e iniciou ameaças: “Eu vou te amassar… Você é fraquinha… Vou te quebrar, sua velha”;
  • que Max apoiava as agressões e falou: “Você mora aqui, é rica e acha que pode nos denunciar?”;
  • que os entregadores já estavam irritados porque ela fazia constantes reclamações sobre a bagunça na região e “já acionou a Guarda Municipal diversas vezes”;
  • admitiu que resolveu dar um soco em Viviane após “ser ofendida”;
  • que Viviane chutou o seu rosto por duas vezes, enquanto Max a segurou;
  • que após ser agredida caiu do degrau da escada e agarrou a perna de Viviane, mas não mordeu – como diz Viviane;
  • que “após ser agredida por Viviane, com a ajuda de Max, resolveu pegar a guia de sua cachorra para se “defender da ‘covardia” de Max (que a teria segurado);
  • que o desentendimento era entre “duas mulheres” e que Max interferiu para ajudar Viviane;
  • voltou a negar qualquer ofensa de cunho racista e que sempre sofreu ameaças e ofensas homofóbicas por parte dos entregadores.

A ex-atleta prestou depoimento pela primeira vez, por três horas. Acompanhada do advogado, ela não quis falar com a imprensa.

Segundo Roberto Duarte Butter, responsável pela defesa de Sandra, ela não poderia comentar sobre as acusações porque as investigações estariam sob sigilo. A delegada Bianca Lima, titular da 15ª DP (Gávea), desmentiu a informação.

Sandra havia adiado a data de seu depoimento, marcado inicialmente para a semana passada. A defesa apresentou um atestado alegando problemas de saúde e lesões no corpo para não comparecer no dia marcado.

Exame vai apurar lesões em Sandra

Após o depoimento, a delegada Bianca Lima aceitou o pedido da defesa e determinou que a ex-atleta realizasse um exame de corpo de delito para avaliar possíveis marcas e lesões.

Na saída do depoimento desta segunda, foi possível perceber que ela estava com marcas nos braços. Dois policiais da 15ª DP fizeram a proteção até o carro.

Sandra Mathias Correia de Sá, de 53 anos, prestou depoimento nesta segunda-feira (17), na 15ª DP (Gávea). — Foto: Reprodução TV Globo
Sandra Mathias Correia de Sá, de 53 anos, prestou depoimento nesta segunda-feira (17), na 15ª DP (Gávea). — Foto: Reprodução TV Globo

Na última quarta, o advogado de Max informou que seu cliente foi ouvido no dia da agressão, mas disse esperar que ele seja chamado novamente nos próximos dias para complementar o inquérito policial com novas informações.

A Polícia Civil já ouviu uma testemunha e intimou outras três pessoas que presenciaram as agressões. O inquérito apura os crimes de injúria e lesão corporal, com pena de até 5 anos de prisão.

Mulher xinga e agride entregador com coleira no Rio — Foto: Reprodução/TV Globo

▶️ Como ocorreram as agressões cometidas pela ex-atleta? No domingo de Páscoa, cinco dias depois de ter discutido com motoboys na Estrada da Gávea, Sandra estava passeando com o cachorro quando voltou a se desentender com entregadores e teria cuspido neles. A ex-atleta discutiu com uma mulher que fazia parte do grupo e, após desviar de um chute, mordeu a perna dela. Na sequência, partiu para cima de um dos profissionais, que é negro, chicoteando-o com a guia da coleira do cão.

▶️ Quem são as vítimas? A primeira pessoa a sofrer agressões no domingo foi a entregadora Viviane Maria de Souza, que afirmou: “Ela me xingou de lixo, de favela, de um monte de coisa”. Max Angelo dos Santos levou um soco na cabeça, antes de ser chicoteado. Ele diz: “Ela me tratou como se eu fosse um escravo”.

▶️ Quem é a agressora? Ex-jogadora de vôlei de praia, Sandra é dona de uma escolinha que oferece aulas da modalidade a crianças na Praia do Leblon e trabalhou como nutricionista em clínicas do Rio. A mulher tem passagens anteriores pela polícia por lesão corporal, injúria e ameaça, furto de energia e fraude em licitação.

Sandra Mathias Correia de Sá — Foto: Reprodução
Sandra Mathias Correia de Sá — Foto: Reprodução

▶️ Onde ocorreram as agressões? Em frente a uma loja que serve de base para uma plataforma de entregas – os motoboys circulam pela região para retirar pedidos. Na mesma calçada, fica o prédio em que Sandra Mora.

▶️ Como foi a briga anterior às agressões de domingo? Na terça-feira (4), depois de alegar que motoboys trafegam pela calçada, Sandra intimidou uma funcionária da mesma loja. Max, que gravou o bate-boca, afirma: “Ela [a ex-atleta] intimidou a menina que trabalha na loja a dar o telefone do responsável para obter meu registro e meu nome. Falou que iria me ferrar e me colocar na cadeia”.

▶️ Quais as reações à atitude de Sandra? A Prefeitura do Rio suspendeu o funcionamento da escolinha de vôlei da qual ex-atleta é sócia. Já o advogado do condomínio onde ela aluga um apartamento afirmou que vizinhos querem expulsar a moradora do prédio. E a Comissão de Ética do Conselho Regional de Nutrição abriu um processo administrativo contra Sandra.

▶️ O que diz a defesa da ex-atleta sobre o atestado apresentado para justificar a ausência no depoimento? “Ela está com várias lesões”, afirmou o advogado Roberto Duarte Butter. Perguntado sobre a linha de defesa da cliente, declarou: “Vocês vão se surpreender”.

FONTE: Por G1

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