O número de usuários do transporte coletivo diminuiu 12% em 10 anos em Manaus, segundo o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU). A diminuição foi constatada pelo órgão entre os anos de 2005 e 2015. Os dados refletem em um aumento de usuários de transportes individuais, que causam ainda mais congestionamento na cidade.
Os dados do IMMU mostram que em 2005, 51,5% da população usava o transporte público nos deslocamentos diários. Em 2015, esse número caiu para 39,5%. A redução foi de 12%, em uma década.
O diretor-presidente do IMMU, Paulo Henrique Martins, afirmou que não quer chegar em 2025 com uma nova diminuição e apontou o que precisa ser feito para que as pessoas voltem a usar o transporte público.
“Isso aí passa pela melhoria dos corredores. Você dar velocidade aos corredores, eliminar os pontos de congestionamento nos corredores de ônibus. Então a gente precisa separar os carros dos ônibus, precisa fazer com que o corredor efetivamente funcione, a melhoria dos terminais de integração. A gente vai passar por um processo de modernização que começa esse ano e termina em 2024. De modernização dos terminais de integração para que a população tenha um equipamento melhor”, disse.
Taxa de motorização
Na contramão da diminuição de usuários do transporte coletivo, a taxa de motorização na capital apresentou um alto índice em setembro de 2022, segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Na ocasião, Manaus tinha uma frota de 844.241 veículos. A população, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados prévios do censo 2022, era de 2 milhões 54 mil 731 pessoas, em setembro.
Com isso a taxa e motorização, que é a relação entre esses dois dados, ficou em 2,43 habitantes por veículo. É uma das maiores taxas entre as capitais do país ficando atrás apenas de Maceió (2,47), Salvador (2,61), Macapá (2,68) e Belém (2,69).
Possíveis soluções
Priorizar o transporte coletivo. É o que fez Curitiba, a capital paranaense, na década de 70. A taxa de motorização lá é de 1,1 habitantes por veículo. Menor que os 2,43 de Manaus.
“Hoje é a cidade da América Latina onde melhor mobilidade se tem para a população. Curitiba já está passando do estágio do ônibus, do corredor do ônibus, da faixa exclusiva, da pista exclusiva, para o metrô para que ela possa transportar. Mais de 80% da população utiliza o transporte coletivo urbano”, informou o engenheiro de trânsito, Manoel Paiva.
Eliminar os pontos de congestionamento para dar mais fluidez ao trânsito e ao transporte coletivo. Para isso, a prefeitura de Manaus aposta em três frentes.
“A solução pontual, viaduto ou uma trincheira. O alargamento que a gente aumenta a capacidade da via e com isso a gente dá mais fluidez. Novas ligações, onde você transfere o tráfego de uma área congestionada para uma nova via construída, transferindo esse tráfego”, contou o presidente do Immu.
Obras
Três obras foram anunciadas recentemente. Uma delas, o alargamento de um trecho da da Avenida Efigênio Sales e a construção de uma passarela. A ordem de serviço foi assinada no dia 1º de dezembro de 2022.
No dia 30 de janeiro, pessoas trabalhavam nas fundações da passarela, mas as obras de alargamento ainda não haviam iniciado. A motorista Marília Miranda acredita que com o serviço concluído, o trânsito vai melhorar nesse ponto.
“Com certeza, vai ser muito bom pra gente porque a gente passa duas horas pra passar nessa Avenida aqui”, disse.
No dia no dia 2 de janeiro foi assinada a a ordem de serviço da construção de um viaduto sobre a Bola do Produtor. Desde então, apenas uma área está coberta por tapumes onde algumas máquinas trabalham.
“Por enquanto parado né. Tá começando agora e eu creio que vai ser um transtorno maior mais a frente porque você que no horário de fluxo grande aqui o trânsito já fica complicado, mas nada que possa vir melhorar lá no futuro. A Zona Leste estava necessitando de uma obra como essa”, comentou o motorista de aplicativo, Francisco Silva.
No dia 4 de janeiro foi assinada a ordem de serviço para a intervenção no cruzamento da Avenida das Torres com a rua Barão do Rio Branco. Mas por enquanto, as obras também não iniciaram.
A prefeitura ainda promete executar um projeto de melhorias no complexo viário Gilberto Mestrinho e nos acessos da Avenida das Torres. Alargamento da Avenida Djalma Batista logo após o encontro com a Avenida Mário Ypiranga, na altura do viaduto Ayrton Senna.
Alargamento também de trechos da Avenida André Araújo e uma nova via que vai ligar a Avenida Max Teixeira à Avenida do Futuro. Mas o que quem dirige quer saber é quando esses projetos vão sair do papel.
“Isso tudo foi montado dentro de um calendário de intervenções. A primeira fase das intervenções já está em execução. E aí nós estamos trabalhando com projeto para segunda, terceira fase e assim sucessivamente. E aí também tem a questão da disponibilidade de recursos pra ir fazendo isso gradativamente a medida que a prefeitura vai conseguindo por o recurso pra fazer isso”, apontou o presidente do Immu.
Investimentos no sistema viário que devem melhorar a mobilidade da população.
“Todo investimento que venha para melhorar a segurança de pedestres, pra melhorar o fluxo de veículos, melhorar a segurança no trânsito, dar prioridade ao transporte coletivo, agilizar o tempo de viagem da população, seja ela no transporte coletivo e no transporte individual, ela sempre é bem vinda e sempre necessária”, afirmou engenheiro de trânsito Manoel Paiva.