Os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), buscam se reeleger nos pleitos internos do Congresso Nacional, que acontecem nesta quarta-feira (1º). Ambos reúnem o apoio de grandes bancadas em suas disputas.
Lira e Pacheco, no entanto, enfrentam cenários distintos em seus pleitos. Enquanto o deputado do PP recebeu apoios das maiores bancadas da Câmara e, em tese, não enfrenta adversários competitivos, o senador do PSD viu a candidatura de Rogério Marinho (PL) ganhar fôlego e ameaçar sua reeleição nas últimas semanas.
Tanto Lira quanto Pacheco contam com o apoio do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 2021, foram eleitos com o endosso do então presidente Jair Bolsonaro (PL).
A disputa na Câmara
Arthur Lira, Chico Alencar (PSOL-RJ) e Marcel van Hattem (Novo-RS) são os candidatos à presidência da Câmara. Apenas o primeiro reúne apoios partidários robustos.
A principal base de endosso à reeleição de Lira são as legendas do chamado “Centrão”, que são maioria na Casa. Ele recebeu também o apoio de PT e PSB — siglas do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin — e deve colher votos em suas bancadas.
Vale lembrar, contudo, que a eleição interna é secreta e por meio de sistema eletrônico. A posição de lideranças dos partidos não determina a escolha de toda a bancada.
São necessários 257 votos para assumir a presidência da Câmara. Quando chegou ao cargo, em 2021, Lira recebeu 302 votos (45 de folga). Seu principal concorrente, Baleia Rossi (MDB-SP) somou 145.
A disputa no Senado
Rodrigo Pacheco, Rogério Marinho (PL-RN) e Eduardo Girão (Podemos-CE) vão concorrer à presidência do Senado. Enquanto os dois primeiros integram as maiores bancadas da Casa — PSD e PL, com 16 e 13 parlamentares, respectivamente —, o terceiro se lança em candidatura avulsa e não conta com base de apoio expressiva.
O atual presidente montou um bloco com PSD, MDB e União Brasil para tentar a reeleição. Além disso, as bancadas de PT, PSB e PDT também anunciaram adesão a Pacheco. Já Marinho terá um bloco parlamentar formado por PL, PP e Republicanos ao seu lado.
Na véspera da eleição, fontes confirmaram à CNN que PSD e MDB trabalhavam para evitar dissidências nas siglas. Em ambas as bancadas, foram identificados senadores dispostos a votar em Marinho, apesar da orientação partidária em favor de Pacheco.
Vale destacar que, assim como no caso da Câmara, o voto é secreto, e as orientações das bancadas não necessariamente definem os votos dos parlamentares.
Quando chegou ao cargo, em 2021, Pacheco recebeu 57 votos (16 de folga). Na sequência apareceu Simone Tebet (MDB), com 21.
Os mandatos de Lira e Pacheco
Durante os dois anos de mandato, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco tiveram atuações distintas em suas respectivas casas, especialmente na relação com o Executivo. Contudo, a defesa do Legislativo foi aspecto que uniu os presidentes.
O presidente da Câmara dos Deputados chegou ao poder como um integrante do “Centrão”. Em mais de duas décadas de atuação legislativa, percorreu as esferas municipal, estadual e federal.
Pacheco completava seu segundo ano no Senado quando chegou ao comando da Mesa. Antes disso, esteve na Câmara por quatro anos. Ele contou com apoio do presidente da Casa Alta e então correligionário, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para a eleição.
Enquanto o deputado do PP se aliou a Jair Bolsonaro durante o mandato, com sua legenda fazendo parte da base do governo, Pacheco optou pela neutralidade e chegou a ser chamado de “parcial” pelo ex-presidente, em maio de 2022.
No pleito de outubro, Lira participou ativamente da campanha de reeleição de Bolsonaro, para quem pediu votos. Já Pacheco, que se filiou ao PSD, não declarou voto em nenhum dos candidatos no segundo turno.
Lira e Pacheco se opuseram à possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) poder cassar mandatos de parlamentares, em abril de 2022. Os presidentes defendiam que a atribuição é exclusiva do Legislativo.
Ainda na noite de 30 de outubro de 2022, os dois reconheceram a vitória do presidente Lula e declararam que os resultados das urnas eram inquestionáveis.
A reeleição nas presidências do Congresso
Antecessor de Lira no comando da Câmara, Rodrigo Maia (então no DEM-RJ, hoje no PSDB-RJ) ocupou a cadeira por dois mandatos, de 2016 a 2019.
Davi Alcolumbre, antecessor Pacheco, esteve à frente do Senado por dois anos. Ele não disputou a reeleição, já que comandantes do Legislativo não podem ter dois mandatos com um mesmo chefe do Executivo (ele assumiu a presidência em 2019, já na gestão Bolsonaro).
Além de Maia, apenas dois presidentes da foram reeleitos na Câmara desde a redemocratização: Michel Temer (MDB-SP), que presidiu a Câmara de 1997 a 2001, e Ulysses Guimarães (MDB-SP), no cargo entre 1985 e 1989.
No Senado, as reeleições e repetições são mais frequentes. Antônio Carlos Magalhães (então PFL-BA) foi presidente de 1997 a 2001. José Sarney esteve na cadeira de 2009 a 2013. Renan Calheiros foi eleito para o cargo pela primeira vez em 2005 e reeleito em 2007, mas não finalizou o mandato; ele, contudo retornou à presidência mais tarde, onde permaneceu de 2013 a 2017.
FONTE: Por CNN