O Brasil registrou nesta terça-feira (9) a primeira deflação em mais de dois anos, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuando 0,68% em julho, a menor taxa desde 1980.
O termo deflação é equivalente ao aposto da inflação, que é quando há alta generalizada de preços em um determinado período de tempo.
Desta vez, porém, não houve uma queda generalizada, mas sim um recuo importante nos dois principais grupos que compõe o IPCA -influenciado por combustíveis e energia elétrica, o que puxou para baixo o índice geral.
O IPCA, como qualquer outro indicador de inflação, mede as variações de preços a partir de uma cesta de produtos escolhida por ser representativa dos hábitos de consumo da população.
O recuo desse índice indica que, dentro dessa cesta, os valores de determinados itens caíram em julho na comparação com o mês de junho.
A deflação pode ser causada por alguns fatores. O primeiro é quando há, no mercado, uma oferta de produtos maior que a demanda da população. Com isso, os preços precisam ser reajustados para atrair mais consumidores.
Há, ainda, o reflexo de medidas de política monetária para conter quadros inflacionários, com a mais importante sendo a elevação da taxa de juros.
Nesse caso, a ideia é encarecer os custos de empréstimos e reduzir a circulação de dinheiro na economia, também levando a uma queda na demanda e, consequentemente, dos preços dos produtos.
O Brasil, por exemplo, iniciou um ciclo de alta de juros em março de 2021. Desde então, a taxa Selic já saiu de 2% para 13,75% ao ano. Em geral, as elevações demoram alguns meses para serem sentidas na economia e afetarem a inflação.
Somado ao efeito da alta de juros, em junho o Congresso aprovou um projeto que estabeleceu um teto de cobrança do ICMS para áreas como combustíveis, energia e telecomunicações. Como o teto era menor que o valor cobrado nos estados, os preços dos combustíveis recuaram, tendo um efeito deflacionário.
Apesar da deflação ser importante em cenários de inflação alta ou descontrolada, em geral ela é evitada quando a economia está saudável, já que pode representar um cenário de recuo ou de estagnação da economia.
O exemplo mais famoso desse fenômeno é o Japão, que possui uma economia estagnada há anos e alterna entre leves altas da inflação e deflações devido à baixa demanda na sociedade.
FONTE: Por CNN