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Piquet repete racismo e é homofóbico com Hamilton em novo trecho de entrevista

Ex-piloto brasileiro fez declarações preconceituosas ao falar de derrota de Hamilton para Nico Rosberg na temporada de 2016

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Nelson Piquet em evento de automobilismo na Inglaterra, em julho de 2013. Andrew Hone/Getty Images

O ex-piloto brasileiro Nelson Piquet usou mais de uma vez um termo racista para se referir ao piloto Lewis Hamilton e ainda fez uma declaração homofóbica contra o heptacampeão mundial.

A revelação foi feita pelo site especializado em automobilismo “Grande Prêmio”, que teve acesso à entrevista completa que Piquet concedeu em novembro do ano passado ao canal do YouTube “Motorsports Talks”. O vídeo original foi retirado do ar.

As declarações foram feitas quando Piquet se referia ao vice-campeonato de Hamilton em 2016, quando perdeu a temporada para o alemão Nico Rosberg.

No novo trecho divulgado, ele tinha sido perguntado sobre a temporada de 1982 da Fórmula 1, e sobre o que achava do campeão daquele ano, Keke Rosberg, pai de Nico.

O ex-piloto brasileiro então declarou enquanto ria: “O Keke? Era um bosta, não tinha valor nenhum. É que nem o filho dele. Ganhou um campeonato… O neguinho devia estar dando mais c* naquela época, aí tava meio ruim.”

À CNN, o diretor de Comunicações da Mercedes, Bradley Lord, afirmou: “Nós já fizemos o mais forte dos posicionamentos no início dessa semana, e Lewis o fez ontem. As palavras repugnantes dele falam por si mesmas e não deveríamos dar mais audiência para elas”.

CNN tenta contato com Nelson Piquet e com a Fórmula 1.

Termo usado é coloquial, justificou Piquet após chamar Hamilton de “neguinho”

O ex-piloto brasileiro Nelson Piquet se pronunciou pela primeira vez, nesta quarta-feira (29), desde que veio à tona uma entrevista na qual se referiu ao piloto Lewis Hamilton com o termo racista “neguinho”.

Em comunicado, Piquet declarou que “o que disse foi mal pensado”.

Ex-piloto brasileiro Nelson Piquet no GP da Hungria, em julho de 2015. / Lars Baron/Getty Images

Ele também afirmou que não defenderia o que disse, mas argumentou que o “termo utilizado é amplamente e historicamente utilizado coloquialmente no português brasileiro como sinônimo para “cara” ou “pessoa”, e nunca teve a intenção de ofender”.

“Eu nunca usaria a palavra da qual fui acusado em algumas tradução. Eu condeno fortemente qualquer sugestão de que a palavra tenha sido usada por mim com o objetivo de menosprezar um piloto pela cor de sua pele”, acrescentou Piquet.

O brasileiro pediu “desculpas de todo coração a todos que foram afetados, incluindo Lewis, que é um piloto incrível”. “Mas a tradução que circulam agora nas redes sociais não está correta”, argumentou novamente.

“Discriminação não tem lugar na Fórmula 1 ou na sociedade, e estou feliz em esclarecer meus pensamentos a respeito”, concluiu Piquet.

“Mentalidades arcaicas”

O piloto Lewis Hamilton fez uma série de publicações no Twitter em referência ao assunto.

Na primeira delas, ele compartilha um tweet que escrevia: “E se Lewis Hamilton apenas publica-se ‘Quem diabos é Nelson Piquet?’ e fechasse o Twitter.” Hamilton respondeu: “Imagina”.

Então, Hamilton, que é cidadão honorário brasileiro, publicou em português: “Vamos focar em mudar a mentalidade.”

Na terceira e última publicação sobre o tema, o piloto disse que “é mais do que linguagem”.

“Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Fui cercado por essas atitudes e fui alvo por minha vida toda. Já houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação”, escreveu Hamilton.

F1 e Mercedes condenam uso de termo racista em fala de Piquet sobre Hamilton

A Fórmula 1 e a equipe Mercedes-AMG Petronas condenaram, nesta terça-feira (28), a fala de Nelson Piquet.

Em nota enviada à CNN, a Fórmula 1 afirmou que “Lewis é um incrível embaixador por nosso esporte e merece respeito”.

“Condenamos nos termos mais fortes o uso de linguagem racista ou discriminatório de qualquer tipo”, afirmou a Mercedes, em comunicado divulgado pelo Twitter.

À CNN, a Fórmula 1 também declara que “linguagem discriminatória ou racista é inaceitável em todas as formas e não tem um papel na sociedade”.

A categoria conclui seu posicionamento dizendo que os esforços “incansáveis” de Hamilton “para aumentar a diversidade e inclusão são uma lição para muitos e algo que estamos comprometidos na F1”.

Já a escuderia do piloto inglês destacou que “Lewis liderou os esforços do nosso esporte para combater o racismo, e ele é um verdadeiro campeão da diversidade dentro e fora da pista”.

“Juntos, compartilhamos uma visão para um automobilismo diverso e inclusivo, e este incidente sublinha a importância fundamental de continuar a lutar por um futuro mais brilhante”, conclui o posicionamento da Mercedes.

Além disso, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA), que regulamenta a Fórmula 1, reiterou as palavras do comunicado emitido pela categoria, e expressou solidariedade a Hamilton.

“Apoiamos totalmente seu compromisso com a igualdade, diversidade e inclusão no automobilismo”, afirmou a FIA.

A primeira declaração de Piquet

O ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet usou o termo racista “neguinho” ao menos duas vezes para se referir ao heptacampeão Lewis Hamilton em uma entrevista.

“O neguinho meteu o carro e deixou porque não tinha jeito de passar dois carros naquela curva. O neguinho deixou o carro. Ele fez de sacanagem. A sorte dele é que só o outro [Verstappen] se f*deu”, afirmou Piquet ao canal Motorsports Talk, em novembro.

Piquet é sogro de Verstappen, que namora a brasileira, nascida na Alemanha, Kelly Piquet.

Nelson Piquet no paddock antes do GP de Barcelona, em abril de 2008. / Clive Mason/Getty Images

O acidente apontado por Piquet ocorreu enquanto Hamilton e Verstappen disputavam o primeiro lugar na corrida.

Após ter a roda traseira direita tocada pelo inglês, Verstappen perdeu a direção e se chocou contra o muro de pneus em Silverstone. Hamilton manteve a liderança até o final de etapa e garantiu a vitória.

Na atual temporada, Max Verstappen lidera o campeonato com 175 pontos, enquanto Hamilton ocupa a sexta posição, com 77 pontos. Os pilotos retornam às pistas no próximo domingo (3), no Grande Prêmio de Silverstone.

FONTE: Por CNN

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