
As polícias Federal e Civil continuam, nesta quinta-feira (29), a reconstituição dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, ocorridos no início do mês, em Atalaia do Norte, no Amazonas. Um dos suspeitos de participação nas mortes, Jeferson da Silva Lima, o “Pelado da Dinha”, foi levado novamente para as áreas do crime.
A reconstituição começou na terça-feira (28), quando a PF fez uma simulação com a lancha utilizada por Bruno e Dom e com a embarcação usada pelos suspeitos, no dia do crime.
Nessa quarta-feira (29), segundo dia da reconstituição, Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como “Pelado”, e Jeferson foram levados à casa de Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos Santos”, irmão de Amarildo. A residência fica perto da área onde os corpos de Bruno e Dom foram encontrados.
Também há relatos da participação de uma testemunha no segundo dia de reconstituição.
Na quarta, os peritos refizeram o momento em que Amarildo e Jeferson perseguiram e alcançaram a lancha que transportava Bruno e Dom, no Rio Itacoaí, e atiraram nas vítimas.
Nesta quinta, o pescador Jeferson da Silva Lima será levado novamente ao local para a continuidade da reconstituição.
De acordo com o delegado Domingos Sávio Pinzon, da Polícia Federal, que conduz os trabalhos, todos os autores que já confessaram o crime serão levados até os locais onde os fatos ocorreram.
“No inquérito policial temos confissões dos autores dos homicídios e também confissão dos autores do crime de ocultação de cadáver. Todos esses suspeitos que já confessaram serão levados ao local dos fatos para que a reconstituição seja realizada”.
O Exército também participa da reconstituição.
Comissão visita município
Uma comissão do Congresso Federal visita Atalaia do Norte nesta quinta-feira (30). Além de deputados federais e senadores, também integram o grupo um representante da Fundação Nacional do Índio (Funai). A comitiva deve se reunir com lideranças indígenas, além de representantes da Força Tarefa que investiga os assassinatos de Bruno e Dom.
Reconstituição
Agentes da Polícia Federal e Polícia Civil percorrem todos os pontos-chave do caso: as comunidades São Rafael, São Gabriel e Cacheira, além das áreas onde Bruno e Dom foram assassinados e o local onde os corpos foram escondidos.
Simulações
Na terça-feira, as embarcações utilizadas pelas vítimas e pelo pescador Amarildo, no dia do crime, foram utilizadas em simulações, para verificar se os relatos das testemunhas e dos suspeitos, obtidos no inquérito policial, são condizentes com a realidade.
De acordo com a PF, uma das provas técnicas a ser verificada era a velocidade das embarcações, especialmente no momento em que Amarildo e Jeferson perseguiam Bruno e Dom, entre as comunidades São Gabriel e Cachoeira.
Os resultados das simulações ainda não foram divulgado pelas autoridades.
Versões se contradizem
Os relatos de Amarildo e Jeferson sobre o crime são divergentes, já que ambos se acusam de ter iniciado os tiros que mataram o indigenista e o jornalista, no início de junho.
Em vídeo divulgado pela PF, no dia 21 de junho, Amarildo aparece negando que tenha atirado contra Bruno e Dom. Ele acusa Jeferson da Silva Lima.
Ao ser questionado se viu a hora em que Jeferson atirou, Amarildo confirma com a cabeça e responde: “vi”.
De acordo com Amarildo, Bruno teria revidado. O indigenista tinha porte de arma e escolta armada, mas dispensou a segurança no dia do crime, 5 de junho, um domingo.
Ainda na reconstituição, Amarildo afirma que Jeferson atirou na região lombar de Bruno. O suspeito também acusa o “Pelado da Dinha” de atirar contra Dom.
Já Jeferson afirmou que, no dia do crime, Amarildo o chamou para perseguir Bruno e Dom quando as vítimas passaram, de lancha, no rio Itacoaí. Segundo o depoimento do suspeito, quando estavam bem próximos, ocorreu o primeiro tiro, que teria sido efetuado por Amarildo, e acertado as costas de Dom.
Na sequência, Jeferson conta que atirou em Bruno. Houve uma sequência de disparos e ele não soube informar quem atingiu Bruno primeiro. Jeferson afirma que acredita ter atirado três vezes, o mesmo número de tiros dados por Amarildo. Bruno também teria atirado para se defender.
Investigações
De acordo com o delegado de Atalaia do Norte, Alex Perez, a polícia já ouviu 20 testemunhas: 17 testemunhas e três, suspeitos.
Na quinta-feira (23), o superintendente da Polícia Federal (PF) no Amazonas, Eduardo Fontes, declarou ao Jornal Nacional que não está descartado um envolvimento de um mandante no crime.
Em uma nota divulgada pelo comitê de crise, coordenado pela PF, em 17 de junho, o órgão dizia que novas prisões poderiam ocorrer, mas que, naquele momento, as investigações apontavam “que os executores agiram sozinhos”.
FONTE: Por G1 AM