O governo de Joe Biden tomou a decisão final de excluir os governos de Cuba, Venezuela e Nicarágua da Cúpula das Américas, disseram fontes à Reuters, apesar das ameaças do presidente mexicano de não participar da reunião a menos que todos os países do hemisfério ocidental fossem convidados.
A decisão, que se seguiu a semanas de intensas deliberações, corre o risco de um boicote ao encontro organizado pelos Estados Unidos nesta semana em Los Angeles se o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador e alguns outros líderes optarem por não comparecer.
Autoridades norte-americanas determinaram que as preocupações com os direitos humanos e a falta de democracia nos três países, os principais antagonistas de Washington na América Latina, pesavam demais, disse uma fonte norte-americana no domingo (5).
A exclusão da Venezuela e da Nicarágua, lideradas pela esquerda, já havia sido sinalizada nas últimas semanas.
O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, disse no mês passado que não iria mesmo se convidado, acusando os EUA de “pressão brutal” para tornar o encontro não inclusivo. Cuba participou das duas últimas cúpulas.
O presidente de esquerda do México disse que estava esperando que Biden tomasse uma decisão antes de anunciar se iria. Lopez Obrador pode tomar sua decisão nesta segunda-feira (6), quando realizará uma coletiva de imprensa regular.
Oferecer a Cuba um papel limitado foi visto como uma forma de aplacar López Obrador, mas a ideia foi rejeitada, disse uma fonte. Ativistas da sociedade civil cubana foram convidados.
A controvérsia sobre a lista de convidados tirou o foco do objetivo dos EUA de usar a cúpula para reparar as relações da América Latina danificadas pelo antecessor de Biden, Donald Trump, reafirmar a influência norte-americana e combater a China.
Depois de descartar o presidente venezuelano Nicolás Maduro, o governo de Biden está considerando um papel para o líder da oposição Juan Guaidó, possivelmente virtualmente em um evento paralelo, disse uma autoridade dos EUA.
Washington reconhece Guaidó como presidente legítimo da Venezuela, tendo condenado a reeleição de Maduro em 2018 como uma farsa.
Também impedido de participar da cúpula está o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, um ex-guerrilheiro marxista que ganhou um quarto mandato consecutivo em novembro depois de prender rivais.
Se López Obrador não aparecer, pode levantar questões sobre as perspectivas de progresso nas discussões sobre a contenção da migração na fronteira sul dos EUA, uma prioridade para Biden.
A maioria dos líderes sinalizou que comparecerá, mas a reação dos governos liderados pela esquerda sugere que muitos na América Latina não estão mais dispostos a seguir o exemplo de Washington, como às vezes no passado.
FONTE: Por REUTERS