Localizado em Barra de Guaratiba, o sítio é um grande acervo botânico-paisagístico a céu aberto, com uma variedade de
3,5 mil espécies de plantas
O Comitê de Patrimônio Mundial da Unesco pode reconhecer, nos próximos dias, o Sítio do paisagista Roberto Burle Marx, na Zona Oeste do Rio, como Patrimônio Mundial. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) começou a avaliar sábado (24) as candidaturas aos próximos patrimônios mundiais culturais e naturais.
Localizado em Barra de Guaratiba, o sítio é um grande acervo botânico-paisagístico a céu aberto, com uma variedade de 3,5 mil espécies de plantas tropicais e subtropicais. São 407 mil metros quadrados cercados pela Mata Atlântica, que é preservada no local pelo Parque Estadual da Pedra Branca.
Além dos belíssimos jardins, o sítio possui um acervo museológico de mais de 3 mil itens, com coleções de arte cusquenha, pré-colombiana, sacra e popular brasileira, incluindo a coleção de obras do próprio paisagista.
Conhecido internacionalmente como um dos mais importantes paisagistas do século 20, Marx viveu no Sítio entre 1973 e 1994. Reuniu plantas de diversas partes do mundo na propriedade, algumas, inclusive, em risco de extinção. O Sítio foi doado em 1985 para o governo federal, com objetivo de assegurar a continuidade das pesquisas e permitir a visitação pública.
Para concorrer ao título, o local passou por um processo de requalificação que foi concluído em fevereiro deste ano. Por meio da Lei de Incentivo à Cultura, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) investiu cerca de R$ 5,4 milhões em intervenções para valorizar espaços de visitação, implementar acessibilidade e potencializar ações de pesquisa.
O local tem capacidade para receber a média de 140 pessoas por dia. As visitações são previamente agendadas e podem ser feitas de terça-feira a sábado, exceto feriados.
Devido à pandemia, as visitas estão acontecendo em pequenos grupos. São obrigatórios o uso de máscaras, higienização das mãos, álcool em gel e distanciamento. A visita guiada dura em torno de uma hora e meia e é feita a pé, percorrendo um trajeto de 1.800 metros, desde o ponto de partida. As inscrições para visitação podem ser feitas no endereço visitas.srbm@iphan.gov.br.
A 44ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco será realizada na cidade de Fuzhou, na China, após o intervalo de um ano. O comitê vai analisar as indicações da lista da Unesco, começando pelas candidaturas que não puderam ser avaliadas no ano passado, devido à pandemia de Covid-19.
O sítio brasileiro é um desses casos e está na lista ao lado do Observatório Solar de Chankillo e centro cerimonial, no Peru; da Capela Scrovegni de Giotto e os ciclos de afrescos de Pádua do século 14, da Itália; dos Monumentos de Pedra de Cervos e Locais Relacionados, o Coração da Cultura da Idade do Bronze, da Mongólia, entre outros locais.
A decisão sobre o Sítio Burle Max é aguardada para segunda-feira (26). De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que passou a gerir o sítio a partir de 1994, após a morte de Burle Marx, a chancela pode garantir ao Brasil o 23º bem na lista de patrimônios mundiais da Unesco.
Burle Marx
“Deus, para mim, é a natureza.” A frase traduz o pensamento e o modo de estar no mundo de Roberto Burle Marx, que viveu em estreita ligação com a natureza. Além de paisagista, foi também artista plástico, pintor, escultor, designer de joias, figurinista, cenógrafo, ceramista e tapeceiro. Nascido em São Paulo, foi criado no Rio de Janeiro, onde morreu em 4 de junho de 1994.
Burle Marx deixou milhares de projetos espalhados pelo mundo e concebeu paisagens de destaque no país, como os jardins do Complexo da Pampulha, em Minas Gerais (1942); o jardim do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, (1954); o paisagismo do Aterro do Flamengo (1961); os jardins da sede da Unesco, em Paris; e o famoso traçado do calçadão de Copacabana, em 1970, entre outras.
Foi o artista que introduziu o paisagismo modernista no Brasil e um dos pioneiros a utilizar plantas nativas brasileiras em seus projetos. Foi também um dos primeiros ambientalistas a reivindicar a conservação das florestas tropicais no Brasil, tendo organizado muitas expedições e excursões pelos biomas nacionais, onde descobriu mais de 30 novas espécies de plantas que levam seu nome.
O primeiro projeto de jardim público idealizado por Burle Marx foi a Praça de Casa Forte, no Recife, em 1934. Em 1961, projetou também o paisagismo para o Eixo Monumental de Brasília e, em 1968, projetou o paisagismo da Embaixada do Brasil em Washington, Estados Unidos.
Patrimônio Mundial
A lista de patrimônios mundiais culturais brasileiros reconhecidos pela Unesco inclui Brasília (DF), Cais do Valongo (RJ), Centro Histórico de Goiás (GO), Centro Histórico de Diamantina (MG), Centro Histórico de Ouro Preto (MG), Centro Histórico de Olinda (PE), Centro Histórico de São Luís (MA), Centro Histórico de Salvador (BA), Conjunto Moderno da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), Missões Jesuíticas Guaranis (RS), ruínas de São Miguel das Missões (RS), Parque Nacional Serra da Capivara (PI), Praça São Francisco (SE), paisagens cariocas entre a montanha e o mar (RJ) e o Santuário do Bom Jesus de Matozinhos (MG).
No Brasil também são considerados patrimônios mundiais naturais o Complexo de Áreas Protegidas do Pantanal (MT/MS), o Complexo de Conservação da Amazônia Central (AM), a Costa do Descobrimento – Reservas da Mata Atlântica (BA/ES), Ilhas Atlânticas – Fernando de Noronha e Atol das Rocas (PE/RN), Parque Nacional do Iguaçu (PR), Reservas da Mata Atlântica (PR/SP), Reservas do Cerrado e Parques Nacionais da Chapada dos Veadeiros e das Emas (GO). Como patrimônio misto, o Brasil tem somente um bem reconhecido, que é a cidade histórica de Paraty e a Ilha Grande.
FONTE: CNN BRASIL