A adversidade não escolhe hora para aparecer. E nos Jogos Olímpicos da Cidade do México, em 1968, o fundista John Akhwari deu um exemplo de superação que entrou para a história das Olimpíadas. Na prova da maratona masculina, o atleta da Tanzânia sofreu uma queda mas, mesmo com lesões no joelho, ombro e cabeça, perseverou até cruzar a linha de chegada.
A Olimpíada de 1968 foi um caso único nos Jogos de Verão. Localizada a uma altitude de 2.240 metros acima do nível do mar, a Cidade do México tem o ar rarefeito. Nas provas de velocidade e saltos do atletismo, os atletas se beneficiaram da menor resistência do ar para quebrar recordes. Porém, na maratona a falta de oxigênio levou os atletas ao limite. Ao todo, 18 dos 75 corredores abandonaram a prova no meio do caminho, incapazes de superar as cãibras.
Mas John Akhwari persistiu. O tanzaniano era um dos nomes de peso da raia. Tinha chegado aos Jogos na condição de campeão africano, superando inclusive Mamo Wolde, da Etiópia, que conquistaria o ouro na Olimpíada da Cidade do México com o tempo de 2h20min26s.

Akhwari sofreu uma queda feia durante o percurso da maratona dos Jogos de 1968. Contundido, ficou para trás na prova. Enfaixou o joelho e, mesmo mancando, prosseguiu rumo ao Estádio Olímpico. Ao chegar, já havia anoitecido e a cerimônia de entrega das medalhas aos vencedores tinha sido realizada. As arquibancadas estavam praticamente vazias quando surgiu a notícia de que o tanzaniano ainda estava correndo. Alguns poucos espectadores ficaram à sua espera, assim como equipes de TV e o pessoal da organização. Akhwari cruzou a linha de chegada após 3 horas, 25 minutos e 27 segundos.

Após a prova, ao ser perguntado por que continuou até o fim, Akhwari respondeu:
– Meu país não me fez viajar 8.000 quilômetros para começar a corrida. Eles me mandaram a 8.000 quilômetros de distância para terminar a corrida.
Por Globoesporte.com