Declaração foi dada na manhã desta terça-feira (6), durante um evento de entrega de equipamentos para o combate da malária no estado, na Arena da Amazônia.
O governador Wilson Lima disse que se prepara para o pior cenário possível no caso de uma terceira onda de Covid-19 no Amazonas. Para ele, é inegável que haverá um novo surto da doença. No entanto, ele não detalhou quais informações serviram de base para a afirmação e disse que o estado já está em contato com especialistas do país e do mundo para mapear quais os possíveis efeitos do novo pico.
A declaração foi dada na manhã desta terça-feira (6), durante um evento de entrega de equipamentos para o combate da malária no estado. Participaram da cerimônia, além do governador, o titular da Secretaria de Saúde, Marcellus Câmpelo, e o diretor-presidente da Fundação de Vigilância e Saúde (FVS-AM), Cristiano Fernandes.
“Eu acredito na possibilidade de uma terceira onda. Quando vai acontecer, eu não sei. Quais as proporções, também não sei. Mas temos procurado técnicos do Brasil e do mundo para que nos apresentem um modelo matemático para que a gente possa ter uma clareza do que vai acontecer nos próximos dias. Eu estou muito preocupado com isso, tenho conversado muito com a Fundação de Vigilância e Saúde e a Secretaria de Saúde para que a gente possa se preparar para o pior cenário possível”, destacou o governador.
Segundo o governador, na segunda-feira (5), houve uma reunião entre representantes do governo e da empresa White Martins, responsável pelo fornecimento e abastecimento de oxigênio no estado. O tema do encontro foi um provável aumento no consumo do insumo com a terceira onda e a possibilidade de estocagem.
“Na primeira onda, em 30 dias, saímos de um consumo de 15 metros cúbicos/dia para 30 metros cúbicos. A White Martins produz hoje 36 metro cúbicos/dia. Quando veio a segunda onda, saímos de 15 metros cúbicos para quase 80, em um prazo de 15 dias. A conversa que tivemos foi para saber qual a capacidade de armazenamento que ela [White Martins] tem e para entender como é que a gente vai ter essa quantidade suficiente de oxigênio, caso haja um aumento exponencial dos casos aqui no estado. A White Martins tem a capacidade de armazenamento de 250 metros cúbicos e a gente trabalha também com outras possibilidades”, disse o governador sem detalhar as ações.
No entanto, o governador disse que, por hora, não deve fechar serviços não-essenciais e voltar a decretar medidas mais rígidas em relação à circulação de pessoas. Mas não descartou a possibilidade, caso os números de casos, internações e óbitos pelo coronavírus no Amazonas voltem a subir. Em todo o estado, até a segunda-feira (5), o número de casos confirmados da doença ultrapassou 352 mil. Já o total de vidas perdidas para Covid chegou a 12.107.
“No momento em que tivermos uma tendência de subida dos casos, a gente não tem a menor dúvida das medidas que devem ser tomadas. A questão da restrição do funcionamento de atividades, principalmente aquelas em que as pessoas se expõem mais. Tem flexibilização, pois temos queda no número de casos e capacidade de receber todos os pacientes em unidades hospitalares. E outro detalhe situação social e econômica do Amazonas não nos permite ficar muito tempo fechados. Tem muita gente morrendo de fome, desempregada, perdendo seus empregos. Precisamos encontrar o equilíbrio e é isso que estamos tentando fazer”, afirmou.
Espelho para o resto do país, mas que reflete a Europa
O diretor-presidente da Fundação de Vigilância e Saúde do Estado (FVS-AM), Cristiano Fernandes, também falou sobre uma possível nova onda da doença. Ele disse que técnicos do órgão já analisam os prováveis cenários que podem se desenrolar nos próximos meses a partir do que vem ocorrendo na Europa.
“O mundo inteiro tá preocupado com o perfil epidemiológico da doença. A gente olha para Europa e percebe que vários países europeus têm apresentado o recrudescimento da chamada terceira onda. Essa preocupação é traduzida para nossa realidade”, explicou.
Questionado sobre o motivo pelo qual o Amazonas se baseia nos padrões europeus sobre a pandemia, Fernandes disse que como o estado foi um dos primeiros do país a colapsar tanto na primeira vez quanto da segunda, não consegue ter um padrão dentro do Brasil para seguir.
“Ao contrário dos demais estados, o Amazonas teve o primeiro impacto em março e pico em maio, e o segundo impacto agora em janeiro, então a gente serve de espelho para os demais estados verem o que estava acontecendo e até se preparar. A dificuldade do amazonas é de quem a gente vai se espelhar. A gente tem olhado sempre o comportamento da Europa e a partir daí a gente traduz para a nossa realidade. Pintamos o pior cenário e a partir daí a gente trabalha para que ele não aconteça”.
FONTE: Matheus Castro, G1 AM