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Delegado preso por morte de Marielle sabia de crime e fez uma exigência para acobertar mandantes

Chefe da Polícia Civil foi engrenagem essencial para obstruir investigações e assegurar que mandantes não fossem presos

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A Justiça brasileira segue na busca pelos mandantes do assassinato da vereadora Crédito: Reprodução/Instagram

O delegado Rivaldo Barbosa, ex-Diretor da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, preso na manhã de ontem (24) pelo envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco, atuou para atrapalhar investigações e exigiu que o “assassinato não acontecesse no trajeto de deslocamento ou para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro”, segundo documento.

De acordo com a decisão que também pediu a prisão dos irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, o delegado foi engrenagem essencial para o plano executado em 14 de março de 2018, que resultou na morte da vereadora e do motorista Anderson Gomes.

Para a polícia, Barbosa, que na época em que o crime foi planejado, era chefe da Divisão de Homicídios do Rio de Janeiro, teria contribuído para “preparação do crime, colaborando ativamente na construção do plano de execução e assegurando que não haveria atuação repressiva por parte da Polícia Civil”, segundo documento.

Além de supostamente ter recebido dinheiro por participar do plano que terminou com a morte da vereadora, Barbosa teria visado ganhos políticos para aceitar atuar na manipulação das investigações sobre o crime.

O delegado foi alçado ao cargo máximo da Polícia Civil fluminense em março de 2018 e participou da cerimônia de nomeação para o cargo em 13 de março, véspera em que a vereadora e o motorista Anderson Gomes foram assassinados.

O plano de execução

Em 2017, os irmãos Brazão estavam insatisfeitos com a atuação de Marielle Franco na câmara de vereadores, que pedia para a população não comprar lotes em áreas de milícia.

Os Brazão, segundo a polícia, atuam em diversas atividades criminosas, entre as quais atividades com milícias e ‘grilagem’ de terras na área de Oswaldo Cruz, Zona Norte da capital do Rio de Janeiro, reduto eleitoral da família.

A morte de Marielle foi decretada em uma reunião que aconteceu no segundo semestre daquele ano. No encontro, ficou definido que uma pessoa seria infiltrada nas fileiras do Psol e que ficaria como a responsabilidade de fornecer detalhes sobre a atuação da vereadora e também sobre os percursos utilizados por ela e o motorista.

O plano dos Brazão e do delegado Barbosa também contou com o miliciano Ronnie Lessa, que ficou definido como um dos executores, sob a promessa de herdar terrenos e controlar atividades ilícitas, e passou a seguir os passos da vítima.

Os documentos também revelam que o delegado se encontrou com Lessa em uma segunda ocasião e insistiu que o assassinato não poderia acontecer no trajeto do trabalho de Marielle, pois temia que o crime fosse “classificado com conotação política, levando pressão às forças policiais para uma resposta eficiente”, segundo documento.

A noite do crime

Uma ligação de um infiltrado no Psol apontou que Marielle estaria em um evento denominado “Casa das Pretas” em 14 de março de 2018. Naquela noite, Lessa convocou Elcio Vieira de Queiroz, que também participava do plano e que teve contato com os irmãos Brazão, devido a atuação de outro miliciano, apontado como elo entre a família e o crime desde os anos 2000.

Depois disso, Lessa buscou o armamento utilizado no crime e se encontrou com Queiroz, partindo  para o centro da cidade, onde acontecia o evento em que Marielle estava presente.

No local, a dupla esperou Marielle sair do evento e entrar no carro. Eles acompanharam as vítimas em um trajeto de aproximadamente três quilômetros, onde emparelharam e atiraram dezenas de vezes. Marielle e o motorista Anderson morreram na hora.

CNN tenta contato com a defesa dos envolvidos para falar sobre o caso.

FONTE: Por CNN

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