Uma advogada acusou um promotor de justiça de chamá-la de cadela durante uma sessão do Tribunal do Júri, em Manaus. O caso aconteceu na terça-feira (12), mas só veio à tona nesta quarta (13), após a divulgação de vídeos nas redes sociais..
No vídeo, o promotor de justiça Walber Nascimento se defende, diante do tribunal, dizendo que não ofendeu a advogada identificada como Catharina Estrella, mas que no quesito lealdade, não poderia compará-la a uma cadela, pois o animal seria mais leal.
“Comparar vossa excelência a uma cadela é, de fato, ofensivo, mas não à vossa excelência e sim à cadela”, disse o promotor.
O promotor pontuou, ainda, que a advogada entendeu o que ele disse e que o mesmo chegou a explicar o contexto da fala, mas que as suas palavras foram deturpadas.
“Eu disse que os cachorros eram fiéis, leais. E levando em consideração a lealdade, eu não poderia fazer essa comparação [da advogada] com uma cadela, porque senão estaria ofendendo a cadela”, falou.
No vídeo, a advogada chega pedir a intervenção do juiz para repreender o promotor e ao fundo o juiz diz algo, mas que não é audível na gravação.
Em um vídeo postado nas redes sociais, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Amazonas, Jean Cleuter, conversou com a advogada, que disse que não precisava passar por isso no exercício da advocacia e que o juiz, ao ver as ofensas, nada fez.
“Hoje fui ofendida no meu trabalho. O juiz nada fez para impedir, então aqui está a nossa classe mostrando a unidade e pedindo respeito para que isso não ocorra com outra advogada. Eu não precisava passar por isso no exercício da minha profissão”, desabafou a advogada.
Ainda no vídeo, Cleuter diz que a violação das prerrogativas da advogada violou toda a classe.
“Não podemos admitir qualquer tipo de afronta às prerrogativas dos advogados. Às prerrogativas são invioláveis, porque são prerrogativas do cidadão, da sociedade”, finalizou.
Nas redes sociais, o promotor também se defendeu e disse que “não vai se curvar a tentativas, seja de quem for, de denegrir a sua conduta profissional, e vai tomar as medidas judiciais cabíveis contra todos que criaram essa narrativa”.
Já a Associação Amazonense do Ministério Público (AAMP), entidade que representa o Ministério Público, disse que apresenta seu total e irrestrito apoio ao promotor de justiça, e destacou “a importância de sua atuação firme, urbana e técnica no plenário do Tribunal do Júri, especialmente na defesa dos direitos das vítimas de crimes em razão de gênero, e o desagrava pelas distorções produzidas pela defesa dos réus durante o julgamento, pois, em momento algum, houve, por parte do representante ministerial, a prática das condutas injustamente imputadas a ele.”
FONTE: Por G1 AM