Foram 11 dias de buscas na floresta para encontrar os corpos do Indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. A reportagem do Fantástico mostra no vídeo acima imagens exclusivas da reconstituição do crime.
Jefferson da Silva Lima, um dos assassinos confessos, aceitou colaborar com os peritos desde que a sua imagem fosse preservada. Amarildo da Costa de Oliveira, que também confessou o envolvimento, não aceitou participar da reconstituição com a perícia da Polícia Federal, no final de junho. Já Oseney da Costa de Oliveira, irmão de Amarildo, nega as acusações. Os três estão em prisão preventiva.
O crime aconteceu no Vale do Javari, que fica no Amazonas, na fronteira com o Peru.
A investigação concluiu que Bruno Pereira foi assassinado por combater a pesca ilegal em terras indígenas do Vale do Javari. Segundo a polícia, Bruno e Amarildo tinham um histórico de brigas e ameaças porque o indigenista costumava apreender carregamentos de peixes de Amarildo retirados de reservas indígenas. Pelo motivo de o crime estar relacionado com questões indígenas, o caso passou a ser conduzido pela Justiça Federal.
As confissões dos suspeitos não foram consideradas suficientes para responder a todas as dúvidas da investigação. Foi aí que entrou a perícia.
Na reconstituição, Jefferson mostrou como deu os primeiros tiros em direção ao barco de Dom e Bruno. Segundo as investigações, Bruno reagiu depois de ser atingido pelo primeiro tiro. O indigenista tinha viajado com uma pistola devidamente registrada e tinha porte de arma.
Na reconstituição, Jefferson conta quantos tiros Bruno conseguiu disparar mesmo ferido. No laboratório da Polícia Federal em Brasília, os peritos reproduziram os tiros dados por Bruno. E concluíram que a versão de Jefferson sobre a reação do indigenista é compatível com o que foi encontrado pela investigação da cena do crime.
Depois do primeiro tiro dado por Jefferson contra o barco, Amarildo também disparou e acertou Dom Phillips nas costas. A perícia concluiu que o jornalista inglês morreu na hora.
Ao ser atingido pela segunda vez, Bruno Pereira parou de atirar e perdeu o controle do barco, que foi para a margem direita do Rio Itaquaí, e chegou a abrir caminho por entre a vegetação. Amarildo e Jefferson se aproximaram. Bruno ainda estava vivo.
Bruno foi assassinado com três tiros, e Dom Phillips com um.
Depois de matarem o jornalista e o indigenista, os criminosos se separaram. Jefferson usou sacos de areia para tentar afundar o barco. E Amarildo pediu ajuda a amigos e parentes que moram em uma comunidade que fica perto do local do crime.
Amarildo se recusou a participar da reconstituição, mas confessou a participação no assassinato em um depoimento gravado em vídeo.
No dia do crime, os assassinos também queimaram os corpos de Dom e Bruno. No dia 6 de junho, um dia depois das execuções, Jefferson e Amarildo voltaram ao local do crime e queimaram os corpos pela segunda vez, antes de ocultarem os cadáveres.
Na reconstituição, a perícia usou dois bonecos, e os policiais se passaram pelos envolvidos no crime.
Durante a investigação, um homem conhecido como Colômbia tomou a iniciativa de ir até a Polícia Federal, em Tabatinga, para dizer que não tinha ligação com os assassinatos. O nome dele era citado como um possível envolvido. Mas, durante o depoimento, ele apresentou três documentos de identidade falsos, foi preso em flagrante e até hoje a polícia não sabe o nome verdadeiro dele.
Amarildo da Costa de Oliveira e Colômbia estão presos na carceragem da Polícia Federal em Manaus. Segundo a PF, Jefferson da Silva Lima e Oseney da Costa de Oliveira, irmão de Amarildo, serão transferidos até o final desta semana. A PF investiga a participação de Colômbia nos assassinatos porque ele é suspeito de chefiar uma quadrilha de pesca ilegal que atua nas áreas indígenas que ficam na região de Atalaia do Norte, e Bruno Pereira combatia e denunciava este tipo de crime.
FONTE: Por G1 AM/FANTÁSTICO