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Caso Henry Borel: em audiência, Dr. Jairinho e Monique se reencontram pela primeira vez desde a prisão

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REPRODUÇÃO Legenda da foto, Reprodução de site criado pelo casal para se defender; eles alegam que Henry sofreu um acidente doméstico

Quase 30 pessoas deverão ser ouvidas em dois dias de sessão. Menino de 4 anos foi morto após tortura do padrasto, segundo MP; mãe também responde por homicídio, tortura e coação de testemunha.

Réus pela morte do menino Henry Borel, Jairo Souza dos Santos Júnior, o Dr. Jairinho, e Monique Medeiros se reencontraram pela primeira vez desde que foram presos. O ex-vereador e padrasto do garoto e a mãe da criança compareceram nesta terça-feira (14) à segunda audiência de instrução e julgamento do caso, marcada pela 2ª Vara Criminal da Capital.

O menino de 4 anos morreu no dia 8 de março e, de acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), foi vítima de torturas realizadas por Dr. Jairinho. Monique também responde por homicídio triplamente qualificado, tortura e coação de testemunhas.

Jairinho e Monique ficaram sentados em fileiras diferentes no banco dos réus. O ex-vereador chegou primeiro. A ex, quando entrou no auditório, nem sequer olhou na direção de Jairinho e permanecia sem falar com ele.

Dr. Jairinho e Monique, réus pela morte de Henry Borel, ficam em fileiras diferentes em audiência de instrução no Tribunal do Júri — Foto: Henrique Coelho/g1
Dr. Jairinho e Monique, réus pela morte de Henry Borel, ficam em fileiras diferentes em audiência de instrução no Tribunal do Júri — Foto: Henrique Coelho/g1

Essa fase do Tribunal do Júri, presidido pela juíza Elizabeth Machado Louro, começou no dia 6 de outubro, com o depoimento de dez testemunhas de acusação, em mais de 14 horas de oitivas. Na ocasião, o ex-vereador participou apenas por videoconferência, do Complexo de Gericinó.

Na etapa desta semana, seriam pelo menos dois dias de sessão para ouvir, ao todo, 28 pessoas.

Dr. Jairinho (na fileira do alto) e Monique no banco dos réus — Foto: Reprodução
Dr. Jairinho (na fileira do alto) e Monique no banco dos réus — Foto: Reprodução
Cabeleireira viu Henry mancar

A primeira a ser ouvida nesta terça foi Tereza Cristina dos Santos, cabeleireira que atendeu Monique em fevereiro e presenciou uma chamada de vídeo com Henry.

“Ela [a babá Tayná] estava mostrando que a criança estava meio mancando, que tinha machucado o joelho”, disse Tereza. A cabeleireira disse ainda que ouviu Henry perguntar na chamada: “Mamãe, eu te atrapalho?”

Colega confrontado por votação

Thiago K. Ribeiro abriu a fase de depoimentos pedidos pela defesa de Jairinho. Thiago, que foi colega de Jairinho na Câmara de Vereadores, disse que ficou “assustado” com a notícia de que o amigo foi indiciado pela morte de Henry.

“Até hoje não consigo entender o que aconteceu, não condiz com a figura que conhecemos nos últimos nove anos”, disse.

“Tinha mania de brincar com as crianças, levantar as crianças. Ele é uma pessoa muito carinhosa”, declarou.

O promotor Fábio Vieira dos Santos o questionou sobre a votação, quase por unanimidade, da cassação de Jairinho. Foram 50 votos pela perda do mandato e uma abstenção.

“Esse é um caso que estava na televisão 24 horas por dia, 7 dias na semana. O político pensa no impacto de um caso desses no mandato dele”, disse.

Tia de Jairinho: ‘Foi um acidente’

Herondina de Lourdes Fernandes, tia de Jairinho, é a dona da casa onde o ex-vereador e Monique estavam quando foram presos. “Eu tenho certeza absoluta que ele não fez isso”, disse.

A tia afirmou ainda que Jairinho disse que a morte do enteado “foi um acidente”.

Roteiro previsto da sessão
  • Terça: duas testemunhas de acusação (uma faltou) e 11 de defesa arroladas por Jairinho;
  • Quarta: 15 testemunhas de defesa convocadas por Monique.
  • Ainda não há data marcada para a decisão do júri.
Dr. Jairinho e Monique Medeiros, em fotos feitas no ingresso do casal no sistema penitenciário — Foto: Reprodução
Dr. Jairinho e Monique Medeiros, em fotos feitas no ingresso do casal no sistema penitenciário — Foto: Reprodução
Acusação

Em outubro, duas testemunhas faltaram. O promotor de justiça Fábio Vieira dos Santos insistiu em suas oitivas, assim como as defesas de Jairinho e Monique. São elas:

  1. Tereza Cristina dos Santos, cabeleireira que viu ligação entre Monique e Henry em um salão
  2. Leila Rosângela de Souza Mattos, empregada de Jairinho e Monique.

Leila Rosângela mais uma vez faltou à convocação.

Defesa

Após esses depoimentos, as testemunhas de defesa convocadas pelas defesas de Jairinho e Monique Medeiros começaram a ser ouvidas. Como são muitos depoimentos, a audiência continua na quarta-feira (15).

A defesa de Jairinho, exercida pelo advogado Braz Sant’Anna, convocou:

  1. Thiago Kwiatkowski Ribeiro – foi vereador na Câmara do Rio ao lado de Jairinho e atualmente é conselheiro do Tribunal de Contas do Município;
  2. Herondina de Lourdes Fernandes – Tia de Jairinho;
  3. Coronel Jairo, pai de Jairinho e deputado estadual;
  4. Luiz Fernando Abidu – filho mais velho de Jairinho;
  5. Cristiane Isidoro – ex-assessora de Jairinho;
  6. Muriel de Albuquerque Nóbrega – Ex-companheira de Jairinho;
  7. Fernanda Abidu Figueiredo – Ex-companheira de Jairinho e mãe de Luiz Fernando;
  8. Rogério Baroni – Motorista da família;
  9. João Guilherme Câmara Santos – Ex-assistente de Jairinho;
  10. Ricardo Garcia de Góes – Médico legista;
  11. Sami Jundi – Médico especialista em medicina legal e perícia médica;
  12. Sigmar Rodrigues de Almeida – Policial civil.

Além dessas, algumas testemunhas em comum com a acusação já foram ouvidas no dia 6 de outubro.

O Tribunal de Justiça do Rio convocou para o dia 15 de dezembro as seguintes testemunhas de defesa para Monique Medeiros, de acordo com a orientação dos advogados dela, Thiago Minagé e Hugo Novais:

  1. Glauciene Ribeiro Dantas – Babá de Henry Borel dos 2 aos 4 anos de idade;
  2. Reinaldo César Pereira Schelb – Capitão da PM;
  3. Renata Alves Medeiros de Souza Fernandes – Prima de Monique e pediatra do Henry;
  4. Julieta Fernandes da Costa e Silva – Tia paterna de Monique Medeiros;
  5. Natasha de Oliveira Machado – ex-namorada de Jairinho;
  6. Adriano França – Delegado da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima;
  7. Antenor Lopes – Diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital;
  8. Elisa Walleska Kruger – Psicóloga;
  9. Lorenzo Parodi – Perito contratado pela defesa de Monique para analisar documentos e provas;
  10. Jairo Souza Santos – Coronel Jairo, pai de Jairinho;
  11. Rafaela Pimentel Amaral – Melhor amiga de Monique;
  12. Bruno Bass – Cabeleireiro de Monique;
  13. Rosangela Medeiros – Mãe de Monique;
  14. Bryan Medeiros da Costa e Silva – Irmão de Monique;
  15. Ana Paula Medeiros Pacheco – Prima de Monique por parte de mãe.

Além dessas, outras testemunhas que também serviriam à defesa de Monique já foram ouvidas no dia 6 de outubro.

Audiência de Instrução e Julgamento

É uma audiência em que são produzidos elementos probatórios de que houve um crime que deve ir a julgamento. A sessão conta com a presença das partes, seus advogados, testemunhas e possíveis peritos que farão o convencimento ou não do julgador.

Dependendo do que está sendo analisado, pode ser oferecida uma tentativa de conciliação entre as partes.

Monique Medeiros durante a primeira sessão da Audiência de Instrução e Julgamento — Foto: FÁBIO COSTA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Monique Medeiros durante a primeira sessão da Audiência de Instrução e Julgamento — Foto: FÁBIO COSTA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
O caso

Monique e Jairinho estão presos desde 8 de abril deste ano acusados pela morte do menino Henry Borel. De acordo com as investigações, a criança morreu por conta de agressões do padrasto e pela omissão da mãe. Um laudo aponta 23 lesões por ‘ação violenta’ no dia da morte do menino.

O ex-vereador teve um pedido de habeas corpus negado pelos desembargadores da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. Já a professora entrou com um pedido de relaxamento de prisão no Supremo Tribunal Federal.

Jairinho foi denunciado por:
  • homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, tortura e impossibilidade de defesa da vítima), com aumento de pena por se tratar de menor de 14 anos;
  • tortura;
  • coação de testemunha.
Monique Medeiros foi denunciada por:
  • homicídio triplamente qualificado na forma omissiva imprópria, com aumento de pena por se tratar de menor de 14 anos;
  • tortura omissiva;
  • falsidade ideológica;
  • coação de testemunha.

FOTO: Por G1

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