Rodovia está, há mais de 30 anos, com problemas que dificultam ou até impedem o tráfego. A área mais crítica segue do quilômetro 250 ao 655, o chamado “trecho do meio”.
Grande parte da BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO), segue imprópria para o trânsito de veículos em meio a impasses ambientais e burocráticos.
As questões relacionadas à recuperação do trecho do meio da rodovia, um dos mais difíceis de trafegar, serão discutidas no primeiro fórum da plataforma Amazônia Que Eu Quero, iniciativa da Fundação Rede Amazônica (FRAM).
O evento acontece na terça-feira (30), a partir das 19h30 (horário de Manaus), e será transmitido pelo YouTube da FRAM e também pelo canal Amazon Sat.
São cerca de 900 quilômetros que separam Manaus de Porto Velho, uma distância que poderia ser percorrida em 12 horas de carro. Poderia…
O problema é que a BR-319 está, há mais de 30 anos, com problemas que dificultam ou até impedem o tráfego. A área mais crítica segue do quilômetro 250 ao 655, o chamado “trecho do meio”.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) tenta, sem sucesso, viabilizar o reasfaltamento do trecho. André Marsílio, presidente da Associação Amigos da BR, também participa dessa luta e sonha com a estrada trafegável novamente.
“A gente, hoje, está atrelado a dois modais de transporte: o aéreo e o fluvial. E nós precisamos do rodoviário pra melhorar essa base da economia e poder tornar competitivo, inclusive, muitos setores da economia da nossa região”, disse.
A socioambientalista Muriel Saragossi acredita que a reestruturação da BR-319 representaria um desastre ambiental que não se justifica.
“A rodovia em si traz, junto com ela, a grilagem da terra e o desmatamento que vem e volta. 80% do desmatamento na Amazônia está em torno das estradas, e isso não traz nenhuma viabilidade ecológica, além do impacto muito grande no ciclo das águas e, portanto, na contribuição na mudança climática, tanto por água quanto pelo desmatamento”, afirmou.
Todas as dúvidas que ainda impedem a repavimentação do trecho do meio transformaram a legalidade da obra em um “vai e vem”.
Falta entendimento entre o Dnit e o Ibama, que já recusou quatro estudos e relatórios de impactos ambientais e cobrou complementações e esclarecimentos. Em março deste ano, o DNIT enviou novos documentos, que ainda estão em análise, sem data definida para resposta do Ibama.
“O Ibama tem uma lista de demandas de quais são os estudos que devem ser feitos e os relatórios que devem ser gerados. Os que foram apresentados agora, nas audiências públicas, são muito ruins. Então fica nesse vai e volta, porque entrega uma coisa que não tá completa e ouve uma resposta que não quer ouvir”, explicou a socioambientalista.
“Prejudica todo o povo amazonense e todo o povo que está isolado. Uma prova real disso foi o período da pandemia, quando a gente precisou de oxigênio e a gente não tinha modais. O aéreo com poucos aviões e as balsas, com mais de dez dias de viagem, iriam chegar os primeiros litros de oxigênio”, afirmou o presidente da associação.
A recuperação da área está estimada em R$ 1,4 bilhão. A obra ainda deve considerar a construção de 100 pontes erguidas só no trecho do meio, além de passagens aéreas e subterrâneas para animais nativos.
FONTE: Por G1 AM