‘Estou sem chão’, diz pai de recém-nascida internada na UTI após banho em maternidade no Acre

A recém-nascida Aurora Maria Oliveira Mesquita, que está internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde que teve a pele descolada do corpo após um banho em maternidade, será transferida para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, ainda nesta quarta-feira (25), conforme a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre).

Ela ficou internada por dois dias na Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, após ser transferida do Hospital da Mulher e da Criança Irmã Maria Inete, em Cruzeiro do Sul, onde nasceu.

👉 Contexto: O pai da menina, Marcos Silva Oliveira, registrou um boletim de ocorrência contra o hospital pelos ferimentos que, segundo ele, foram causados em Aurora após o uso de água quente no banho. Na segunda-feira (23), ela foi transferida para Rio Branco devido à gravidade do quadro. O Ministério Público do Acre (MP-AC) investiga o caso.

Na manhã desta quarta (25), Marcos e a família contaram ao g1 que aguardavam a transferência, aflitos. “Minha filha está estável, mas eu quero o melhor para ela”, complementou.

Inicialmente, foi informado pelo secretário de Saúde, Pedro Pascoal, que estavam aguardando uma vaga em Manaus, Brasília ou Rio de Janeiro. Na tarde desta quarta-feira (25), a Sesacre confirmou ao g1 sobre transferência de Aurora, agora para a capital mineira. O Hospital João XXIII é considerado, pela Sociedade Brasileira de Queimados (SBQ), um dos melhores centros de tratamento de queimaduras do país.

Quem é a bebê?

Aurora Maria Oliveira Mesquita nasceu de parto normal às 8h do último sábado (21) no Hospital da Mulher e da Criança Irmã Maria Inete, em Cruzeiro do Sul. O pai da criança, Marcos Silva Oliveira, informou que a recém-nascida nasceu saudável, sem nenhuma marca no corpo ou pés.

Ela já havia recebido alta, porém, os pais decidiram esperar o banho que foi indicado pela pediatra antes de irem embora do hospital.

O que a família acredita que aconteceu?

A família acredita que a água usada durante o banho dado na bebê por uma enfermeira, no último domingo (22), estava muito quente, o que teria queimado a pele da recém-nascida, causando bolhas e, posteriormente, caindo a pele das pernas e pés.

O pai da Aurora atribui os ferimentos às partes do corpo que ficaram mais tempo submersos na água quente.

O que a Sesacre diz?

Inicialmente, o secretário Pedro Pascoal se manifestou nas redes sociais dizendo que a situação será investigada.

Ele não descartou negligência, porém, também disse que não podia ser excluída a hipótese de a criança ter epidermólise bolhosa, uma doença genética e hereditária rara que provoca a formação de bolhas na pele.

Na terça (24), a informação era de que a pasta entrou em contato com a direção de três unidades especializadas em Manaus, Brasília e Rio de Janeiro, onde há centros de queimados pediátricos. No entanto, nesta quarta (25), a Sesacre confirmou que Aurora irá para Belo Horizonte.

Ela foi transferida de Cruzeiro do Sul para Rio Branco na segunda, onde ficou internada na UTI da Maternidade Bárbara Heliodora até esta quarta.

O que aconteceu com a funcionária?

Na noite de terça (24), a Sesacre divulgou que a servidora filmada dando banho na recém-nascida foi afastada do cargo. Além disto, a pasta abriu um procedimento administrativo disciplinar (PAD) para apuração dos fatos.

“O procedimento inclui afastar de forma preventiva a profissional. O procedimento é rápido, vamos ouvir a profissional e fazer todos os trâmites necessários”, resumiu.

O que a biópsia apontou?

O Instituto de Genética do Norte (IGENN), em Rio Branco, coletou o material da perna da bebê para biópsia, que deve ser feita em outro estado para, posteriormente, revelar o que causou os ferimentos na bebê: se é uma doença rara ou se são queimaduras.

O secretário de Saúde disse que, enquanto o resultado dos exames não saem, a opção mais viável neste momento é de transferir a bebê para um centro de queimados.

“Não podemos esperar o pior para tomar alguma decisão. Enquanto o exame não chega, que deve demorar entre 15 a 20 dias, vamos colocá-la dentro de um centro de queimados. Caso a biópsia dê positivo para epidermólise bolhosa, eles têm estrutura para tratar também”, destacou.

FONTE: Por G1