Um ministro de alto escalão da Bolívia afirmou nesta quinta-feira (27) que o governo boliviano tinha informações antecipadas de que uma tentativa de golpe poderia nesta semana.
O golpe fracassado de quarta-feira (26) ocorreu em apenas algumas horas e provocou rápidas condenações por parte dos líderes mundiais, aumentando o temor de que a democracia na Bolívia continue em risco.
Numa entrevista à emissora boliviana Unitel, o ministro do Interior, Eduardo del Castillo, disse que o presidente Luis Arce recebeu relatos sobre “tentativas de desestabilização”, embora tenha alertado que o governo não tinha mais detalhes.
Durante a mobilização de unidades militares na quarta-feira, o comandante militar do país reuniu tropas na praça principal da capital La Paz, batendo na porta do palácio com um veículo blindado para permitir que os soldados entrassem no edifício.
Os soldados acabaram por se retirar e a polícia recuperou o controle da praça. Em seguida, Arce criticou a tentativa de golpe e a nomeou rapidamente um novo comandante para o Exército.
O ex-comandante Juan José Zuniga foi preso, assim como o ex-comandante da Marinha Juan Arnez Salvador, disse del Castillo, observando que cerca de uma dúzia de oficiais militares foram detidos e podem enfrentar penas de prisão entre 15 e 30 anos.
Durante uma sessão da manhã de quinta-feira da Organização dos Estados Americanos (OEA) realizada no Paraguai, o embaixador da Bolívia disse que cerca de 200 oficiais militares participaram da operação liderada por Zuniga.
Em outros lugares, os apelos à responsabilização pela tentativa de golpe tornaram-se mais altos.
“Exorto as autoridades a conduzirem uma investigação completa e imparcial sobre as alegações de violência e relatos de feridos”, disse o chefe dos Direitos Humanos da ONU, Volker Turk. “Os responsáveis devem ser responsabilizados.”
Zuniga disse recentemente que o ex-mentor que se tornou rival político de Arce, o ex-presidente Evo Morales, não deveria poder concorrer novamente à presidência e ameaçou bloqueá-lo se ele tentasse fazê-lo.
O comandante foi informado na noite de terça-feira que seria destituído de seu cargo porque sua conduta “não estava de acordo com a Constituição”, segundo del Castillo. Segundo ele, Zuniga reagiu com calma à notícia.
“Mas ninguém poderia imaginar que no dia seguinte, antes da transferência oficial dos cargos, haveria um golpe fracassado em nosso país”, disse ele.
Na quarta-feira à noite, a ministra da Presidência, Maria Nela Prada, disse aos jornalistas que Zuniga, na sua confissão à polícia, afirmou que a tentativa de golpe falhou porque os reforços não chegaram a tempo.
Ao ser preso, Zuniga disse que foi instruído a dar o golpe sob a direção de Arce, a fim de aumentar a popularidade do presidente, o que Prada negou posteriormente.
FONTE: Por REUTERS