O jogador de futebol profissional Matheus Henrique, de 27 anos, contou que viveu momentos de tristeza depois de saber que dois amigos estão entre os mais de 5 mil mortos pelas enchentes na cidade de Derna, na Líbia. Natural de Manaus, o brasileiro conta como está o clima no país.
A tragédia aconteceu no domingo (10).
Matheus Henrique é contratado de um clube de futebol profissional líbio. Entre idas e vindas, ele vive no país há cinco anos.
O brasileiro se fixou na cidade de Tívoli, há 1.300 km de distância de onde a tragédia aconteceu. Atualmente, o brasileiro mora sozinho, mas espera a chegada da esposa, que vai passar a viver com ele na Líbia.
Matheus contou que a devastação de Derna atingiu todo o país com uma onda de tristeza. O manauara afirmou que perdeu dois amigos, que jogaram com ele em um clube profissional.
O manauara tenta contato com outros amigos, mas sem sucesso.
“Perdi dois amigos e tem alguns que eu ainda não consegui contato, que são outros amigos que também jogaram comigo. Espero que esteja tudo bem com eles. Mas, pela magnitude do que aconteceu, com as fotos e vídeos que eu recebi, é muito triste. Agora é só pedi a Deus que possam salvar o máximo de pessoas possível e confortar aquelas que perderam parentes que, infelizmente, não conseguiram se salvar”, contou.
Segundo o brasileiro, os dois amigos que morreram mudaram para Derna, porque estavam jogando no time da cidade, o Darnes Derna SC.
Matheus visitou Derna, a cidade da Líbia atingida pelas enchentes, em 2022. — Foto: Arquivo pessoal/Matheus Henrique
Mesmo com a distância, o manauara mantinha contato com os amigos pelas redes sociais. Segundo Matheus, quando os jogares visitavam a capital, mandavam mensagem para encontrá-lo.
“A gente mantinha sempre contato, quando eu fui de férias para o Brasil, não nos falamos mais, por conta da diferença de fuso horário. Mas de vez em quando eles reagiam nas fotos que eu postava, trocávamos uma ideia. Mas como eles tinham mudado de time também, eles estavam na cidade que aconteceu essa tragédia. Mas sempre que eles viam para cá, eles mandavam mensagem. Eles eram daqui, mas estavam lá a trabalho”, disse Matheus.
Forte chuva
Apesar de não ter sido na mesma dimensão de Derna, a cidade onde o jogador mora também foi atingida por uma forte chuva. O fenômeno o surpreendeu o manauara, já que a cidade não costuma registrar chuvas.
“Eu vi que estava chovendo muito forte. Até falei para minha esposa: não é normal essa chuva aqui’. Porque aqui chove, mas não na proporção que choveu algumas noites atrás. Achei meio estranho. Dormi. Quando acordei tinha acontecido essa fatalidade”, informou o brasileiro.
O manauara destacou que as enchentes na Líbia causaram tristeza. “Eu fico triste porque é um povo bom, um povo acolhedor. Amigos que se foram, conhecidos, irmão de amigo meu. Parentes de amigos morreram e a gente fica sentido, pelas pessoas, por ver as pessoas chorando, desoladas”, afirmou.
O jogador acredita que o campeonato de futebol da Líbia, que está previsto para começar em outubro, será adiado.
“Até então, aqui na capital, a rotina está seguindo normalmente. Estamos treinando todos os dias. Está tudo funcionando normalmente.O campeonato está previso para começar no próximo mês. […] Acho muito dificíl iniciar, porque tinha dois ou três clubes que eram lá da cidade e ficou tudo devastado e destruído”, apontou.
A tragédia
No domingo, a Líbia foi atingida pela tempestade Daniel. Por suas características, o fenômeno é conhecido como “medicane”, um furacão do Mediterrâneo. Mais de 5,3 mil pessoas morreram, informou a agência de notícias do país e mais de 10 mil estão desaparecidas.
O ‘medicane’ também é conhecido como um ‘sistema de tempestades’ que começou na Grécia, deixando pelo menos 15 mortos. Também passou por Turquia e Bulgária e chegou ao seu pico na Líbia, com ventos fortes de 70 a 80 km/h.
A forte chuva provocou o rompimento de barragens, resultando em uma onda de lama e destruição na cidade de Derna, na costa leste do país. A área tem mais de 100 mil habitantes.
A tragédia expôs a fragilidade de infraestrutura e a crise que divide o país.
Com grupos diferentes controlando governos paralelos, há conflitos entre informações oficiais e sobrecarga nos serviços públicos.
FONTE: Por G1