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Univaja retoma vigilância no Vale do Javari e anuncia substituto de Bruno Pereira, no AM 

O indigenista Carlos Travassos foi escalado para dar continuidade aos trabalhos desenvolvidos por Bruno Pereira, assassinado em junho.

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A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) anunciou, na terça-feira (26), que nomeou o indigenista Carlos Travassos para retomar o trabalho de vigilância na reserva indígena Vale do Javari. Ele vai substituir Bruno Pereira, que foi assassinado em junho junto com o jornalista inglês Dom Phillips, durante uma expedição na região. 

A Vale do Javari é a segunda maior reserva indígena do país, localizada na Sudoeste do Amazonas, próximo à fronteira com o Peru e a Colômbia. A região, que compreende 8,5 milhões de hectares demarcados, é constantemente palco de conflitos típicos da Amazônia: tráfico de drogas, roubo de madeira e avanço do garimpo. 

De acordo com integrantes da Univaja, Carlos Travassos possui notoriedade no meio dos indigenistas, e tem grande experiência em ações desenvolvidas com Bruno Pereira. Ele terá o desafio de retomar o monitoramento da reserva indígena. 

Carlos Travassos também já trabalhou por longos anos na Fundação Nacional do Índio (Funai). 

Além de anunciar o substituo de Bruno Araújo, a entidade informou que busca meios tecnológicos para ajudar na segurança da região. 

Assassinatos de Bruno e Dom

O caso em torno de Bruno e Dom ocorreu em junho, quando eles desapareceram durante uma expedição para uma investigação na Amazônia. Eles foram vistos pela última vez em 5 de junho, quando passavam em uma embarcação pela comunidade de São Rafael. De lá, seguiam para Atalaia do Norte. A viagem de 72 quilômetros deveria durar apenas duas horas, mas eles nunca chegaram ao destino. 

Os restos mortais deles foram achados em 15 de junho. As vítimas teriam sido mortas a tiros e os corpos, esquartejados, queimados e enterrados. Segundo laudo de peritos da PF, Bruno foi atingido por três disparos, dois no tórax e um na cabeça. Já Dom foi baleado uma vez, no tórax. 

A polícia achou os restos mortais dos dois após Amarildo da Costa Oliveira confessar envolvimento nos assassinatos e indicar onde estavam os corpos. 

Além de Amarildo, outros três homens são investigados pelos assassinatos: 

  • Amarildo da Costa Oliveira, conhecido pelo “Pelado”;
  • Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Dantos”;
  • Jefferson da Silva Lima, conhecido como “Pelado da Dinha”;
  • Rubens Villar Coelho, conhecido como “Colômbia”.

Com exceção de Rubens Coelho, os outros três estão presos, em decorrência das investigações. “Colômbia” é suspeito de ser o mandante dos homicídios, e foi solto na sexta-feira (21) após pagar uma fiança de R$ 15 mil, mas segue sendo investigado. 

Na denúncia apresentada à Justiça, o Ministério Público Federal entendeu que Amarildo, Oseney e Jefferson devem ser julgados por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver. 

O MPF argumentou que Amarildo e Jefferson confessaram o crime, e que a participação de Oseney foi mencionada em depoimentos de testemunhas. 

Vale do Javari sofre com insegurança constante

Bárbara Arisi, antropóloga e professora da Vrije Universiteit Amsterdam, trabalha com a Vale do Javari desde 2003. Ela estudou com os Matis, povo indígena da região, e aprendeu a língua Pano, original da população. Segundo ela, assim como entre os Yanomamis, a terra indígena do Vale do Javari está “sofrendo vários ataques”. 

“Há essa insegurança para as pessoas que trabalham lá, que vivem lá, principalmente pros povos indígenas e também para as pessoas que circulam, sejam elas indigenistas, jornalistas, pessoal de ONG que trabalha nessa região”, explica. 

Em 2014, Arisi foi picada por uma cobra em meio à terra indígena e Pereira era coordenador da regional da Funai. Ele foi um dos que ajudou a salvar a vida da professora e dirigiu por mais de 25 km até um hospital geral em “péssima estrada”, como descreve a antropóloga em artigo publicado no jornal “O Estado de S.Paulo”.

FONTE:Por G1 AM/Foto:Funai

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