A anestesiologista representante da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) Ana Cristina Pinho disse à CNN que o médico preso por estupro durante uma cirurgia de parto no Rio de Janeiro aplicou uma dose maior do que a recomendada — e isso pode ter colocado a vida da paciente e do bebê em risco.
Segundo ela, a gestante, por características inerentes ao processo gestacional da fisiologia da gravidez, é considerada de estômago cheio, ou seja, tem um tempo de esvaziamento do órgão maior.
“Sedações mais profundas, sem proteção das vias aéreas, expõem a mãe ao risco de broncoaspiração do conteúdo do estômago. Por isso, sedação em obstetrícia, quando utilizada, é sinônimo de aplicação mínima”, avaliou.
Além disso, explicou Ana Cristina, a sedação antes da saída do bebê, além do aspecto humanitário de privar a mãe da primeira visão do filho, envolve também a segurança da criança.
“Todo o sedativo administrado para mãe passa para o bebê através da placenta, então, existe o risco do nascimento do bebê, como a gente chama, “deprimido”, com prejuízo da parte respiratória”, disse.
Ana Cristina avaliou ainda que, no aspecto da humanização do parto, a paciente tem direito a permanecer acordada.
“A orientação técnica é sempre uma sedação mínima, muito mais para controle de ansiedade do que sedação propriamente dita”, disse.
Giovanni Quintella Bezerra, de 32 anos, foi preso depois que funcionários do Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, o filmaram no momento em que passava o pênis no rosto da paciente que estava em trabalho de parto. Bezerra deve responder por estupro de vulnerável.
Segundo Ana Cristina, o acusado não e mais membro da SBA.
“Hoje ele [Giovanni Quintella Bezerra,] não é anestesista mais. Desde uma reunião realizada ontem à noite, foi decidida pela suspensão por tempo indeterminado. Então ele é um ex-anestesista”, disse ela.
FONTE: Por CNN