As ações da Petrobras operavam com volatilidade durante a manhã desta terça-feira (21), alternando entre leves variações positivas e negativas, em meio a um cenário de incerteza entre os investidores sobre possíveis medidas contra a estatal.
Por volta das 11h35, a ação ordinária (PETR3) subia 0,26%, cotada a R$ 30,27. Já o papel preferencial recuava 0,04%, a R$ 24,61. Os recibos de ações negociados na bolsa de Nova York, ADRs, da empresa (PBR) tinham alta de 1,25%, a US$ 11,76.
Na ponta positiva, as ações de petrolíferas na bolsa operam em alta devido à valorização do petróleo tipo Brent, com o barril voltando aos US$ 115. Além disso, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, defendeu a política de preços da Petrobras em evento, e afirmou que o governo não vai interferir nela, o que ajuda a aliviar temores do mercado.
Entretanto, Flavio Conde, analista de ações da Levante Investimentos, aponta que “o governo e o Congresso nunca estiveram tão fortemente contra a política da Petrobras. A eleição aumenta isso, assim como a possibilidade disso resultar em ações concretas”.
“Em termos de valuation, múltiplos, é uma das mais baratas do mundo, está bem administrada, mas o risco político leva a esse mau desempenho”, avalia.
Ele cita duas propostas atuais como as mais perigosas para a estatal. A primeira é dobrar o imposto de contribuição social sobre o lucro líquido de 9% para 18%, o que o analista diz ser um “absurdo” por ser um aumento para uma única empresa. Outra envolveria implementar um imposto sobre exploração de petróleo, que afetaria todo o setor.
Em ambos os casos, a Petrobras teria uma redução na sua margem de lucro, prejudicando as ações. Há o risco, ainda, que Caio Mário Paes de Andrade, indicado para ser o novo presidente da empresa, possa tentar mudar a política de paridade internacional de preços, o que prejudicaria ainda mais os papéis.
“Não basta só o presidente entrar para as ações subirem, o Caio pode tentar mudar a PPI e isso deixa o mercado preocupado”.
Felipe Ruppenthal e Rodrigo Diniz, da Eleven Research, consideram que a renúncia de José Mauro Ferreira Coelho à presidência “acontece em um cenário de forte pressão do governo sobre a estatal, que se acentuou após o anúncio de reajuste de preços da gasolina e do diesel”.
“Acreditamos que isso possa acelerar a troca do Conselho de Administração que está em processo e ruídos de interferência governamental na estatal continuem prejudicando a performance da ação, com um cenário de muita incerteza sobre o grau de arrefecimento das principais economias mundiais, que está ocasionando a queda do preço do petróleo”.
Na segunda-feira (20), após a renúncia de Coelho e indicação de Fernando Borges como presidente interino, o papel ordinário fechou com alta de 0,86% a R$ 30,19, e o preferencia subiu 1,14%, a R$ 27,62.
FONTE: Por CNN