Pedagoga que passou a frequentar programas de TV para falar sobre gravidez de quadrigêmeas, mas mentira foi revelada. Caso passou a ser investigado pela polícia, virou processo no judiciário e se tornou um dos primeiros grandes memes brasileiros.
Uma barriga falsa, um vestido estampado e uma mentira levada a programas de TV marcaram a história de Maria Verônica Santos, que ficou conhecida como a “Grávida de Taubaté”, história que completa 10 anos da revelação na televisão, nesta terça-feira (11).
Ela simulou uma gravidez de quadrigêmeas e passou a receber doações, como fraldas, móveis, dinheiro e enxoval para as bebês que tinham até nome: Maria Clara, Maria Eduarda, Maria Fernanda e Maria Vitória. A história contada em entrevistas é que como já tinham um filho, o casal formado pela pedagoga e um operário teria dificuldades financeira para sustentar o aumento da família.
Com a revelação de que tudo era uma farsa, o caso passou dos holofotes da mídia para os da polícia e do judiciário, além de ganhar projeção como um dos primeiros grandes memes do país – que originou a expressão “de Taubaté”, em referência à cidade da falsa grávida, como sinônimo para mentira.
Linha do tempo
Maria Verônica havia falado inicialmente que esperava gêmeos quando soube da gravidez, mas depois teria descoberto que na verdade eram quadrigêmeos. Todos os parentes ficaram felizes com a chegada das quatro meninas, as ‘Marias’.
O caso começou a chamar a atenção da mídia local por ser inusitado – segundo especialistas em fertilidade, a chance de ocorrer uma gravidez quádrupla é de uma em 15 milhões. Descoberta por programas de TV, ela passou a ser tratada como celebridade ao ser convidada para contar sua história. Verônica chegou a mostrar a rotina e as “dificuldades” de fazer as tarefas em casa com a barriga da “gestação”.
O parto, segundo Verônica, estava previsto para acontecer na segunda quinzena de janeiro. Porém, a polícia começou a investigar o caso após declarações de um médico que atendeu a mulher no segundo semestre de 2011 e afirmou que, na ocasião, ela não estava grávida, ou seja, a história era incoerente com a de uma grávida prestes a dar a luz.
O advogado da educadora, Enilson de Castro, assumiu a farsa na madrugada do dia 20 de janeiro. De acordo com ele, sua cliente usava uma barriga feita de silicone com enchimentos. Ele afirmou que a mulher não desmentiu a gravidez antes por causa da grande repercussão que o caso tomou.
Procurado nesta terça-feira (11) pelo g1, Enilson disse que ela chegou a ser diagnosticada com pseudologia fantástica. O transtorno, também conhecido por mitomania, é o desejo compulsivo de mentir sobre qualquer assunto. Maria Verônica foi procurada pela reportagem por meio do advogado e o g1 aguardava retorno até a publicação.
Investigação e processo na Justiça
Após a revelação da farsa, ela prestou depoimento e foi processada por uma administradora de empresas de Santa Catarina, que identificou que era dela o ultrassom usado por Maria Verônica para comprovar a gestação quádrupla.
Quase três anos após ficarem conhecidos em todo o país pelo caso, a pedagoga e o marido Kléber Eduardo Melo tiveram o processo de estelionato encerrado pela Justiça.
Desde então eles vivem de forma discreta e sem perfis facilmente identificáveis em redes sociais. Ela chegou a manter uma loja de artigos religiosos por um tempo, mas fechou o comércio.
Costumeiramente relembrado em 1° de abril, o dia da mentira, o caso passou a viralizar após a farsa ser revelada. De frases motivacionais, passando por desenhos, nome de podcast, propaganda e até fantasias de carnaval, a mentira da gravidez de quadrigêmeos atingiu um novo patamar de popularidade na internet que resiste a uma década.
FONTE: Por G1