O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizou, nesta terça-feira, 21, a desfiliação do vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos, do Partido Liberal (PL). O ministro Luís Roberto Barroso entendeu que a divergência política entre o parlamentar e a sigla “se instalou e se tornou aguda de forma rápida” e reconheceu que as diferenças podem prejudicá-lo politicamente.
“Não é possível negar a magnitude dos impactos políticos que advêm do ingresso do presidente da República em uma legenda, especialmente para os filiados que assumam publicamente posição contrária àquele. Esta é a situação do requerente, que possui atuação notoriamente contrária ao governo federal e tem sido, por isso, alvo de ataques do grupo que passará a ter forte influência nos rumos da legenda”, diz a decisão do ministro.
Na segunda-feira, 20, o deputado ingressou com uma ação pedindo a saída do partido por justa causa. A defesa de Ramos alegou que ele passou a ser “visto com descrédito” e tornou-se “alvo de perseguição pessoal e política” por parte de colegas.
Barroso explicou que o político depende de uma “identidade política que atraia seus eleitores”, e que uma mudança nos rumos do partido podem afetar essa relação. Além disso, o ministro ressaltou que essa situação pode piorar quando ocorre “às vésperas de um ano eleitoral”, sob risco de “dano irreparável” ao futuro candidato.
Marcelo Ramos deixa o PL três semanas após o presidente Jair Bolsonaro, seu desafeto político, ter oficializado a filiação à legenda, pela qual deve concorrer à reeleição ao Planalto, em 2022. O deputado ainda não informou a qual partido se filiará para disputar as eleições do ano que vem.
No início de dezembro, Ramos havia anunciado que recebeu autorização do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, para deixar o partido sem prejuízo a seu mandato por infidelidade partidária. No texto, Costa Neto também diz que manterá o apoio para que ele continue na vice-presidência da Casa.
FONTE: Por FOLHAPRESS