Além da capital, problema ocorre em um município da Baixada Fluminense; especialistas ouvidos pela CNN acreditam que o vírus tenha sido trazido por algum turista
Horas depois de a capital do Rio de Janeiro ter anunciado que o surto de Influenza A evoluiu para um quadro de epidemia, com pelo menos 23 mil casos confirmados em toda a cidade, outro município do estado admitiu viver a mesma situação: São João de Meriti.
A cidade de 473 mil habitantes fica na Baixada Fluminense e está entre as maiores densidades demográficas do Brasil.
A confirmação foi feita pelo município à CNN por meio de nota, depois da Secretaria de Estado de Saúde (SES) ter destacado que, além da capital enfrentar uma pandemia, registrou aumento de casos para a gripe em outros cinco municípios: Belford Roxo, Duque de Caxias, Niterói, São Gonçalo e São João de Meriti, por meio da Divisão de Dados Epidemiológicos e Ambientais (Sinan).
Também nesta quinta-feira (9), a SES reconheceu a situação da capital como uma epidemia, com aumento de 2.647% de atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
A Secretaria destacou ter ativado o plano de contingência e reforçou o atendimento em três unidades deste tipo, com a instalação de tendas de atendimento. A pasta ainda se comprometeu a fazer o mesmo em outros três centros de atendimento.
O total de casos de Influenza A no Rio de Janeiro, desde o início do surto, agora evoluído para epidemia, é 738% maior que o total de casos de Covid-19 no mesmo período, segundo informações da Prefeitura do Rio.
Especialistas ouvidos pela CNN acreditam que o vírus, que não circulava no estado desde 2019, tenha sido trazido por algum turista – provavelmente, do hemisfério norte, onde ele já estava em circulação.
Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alberto Chebabo destaca que a epidemia ocorre em uma época surpreendente. “Vírus respiratórios costumam ter sua sazonalidade no inverno, e não nesta época do ano”, afirma.
Além de São João de Meriti, todas as demais localidades citadas pela SES, nas quais foi percebido aumento de casos, foram procuradas, mas não confirmaram que a situação tenha se tornado epidêmica.
Niterói destacou que houve aumento e 30% na procura por atendimento nas duas últimas semanas, e que reforçará as equipes médicas dos plantões das unidades municipais.
Vizinha de Niterói, São Gonçalo afirma ter detectado aumento de demanda, provocado por quadros de síndrome gripal, no fim de novembro, um quadro que se intensificou em dezembro. Contudo, o município diz que as amostras por ele coletado não identificaram nenhum dos vírus da Influenza.
Sem citar dados específicos de casos, Duque de Caxias destacou que há aumento de demanda de pacientes com quadro de síndrome gripal nas unidades de saúde, e o que classificou como “avanço maior do vírus em escolas em creches”.
O município afirma ter iniciado um plano de contingência para receber essa demanda e promete reforçar a oferta de consulta nas unidades de atenção primária.
Belford Roxo afirmou que a procura pela vacina da gripe aumentou consideravelmente, mas não há epidemia.
Vacinação no Rio
Com a vacinação suspensa desde a última sexta-feira (3) na cidade do Rio de Janeiro, por falta de doses, o estado do Rio de Janeiro retomou a campanha nesta sexta-feira (10), com 100 mil doses para a capital e 60 mil para outros municípios, com imunizantes remanejados pela SES.
O município recebeu ainda a promessa de doação de 400 mil doses do Instituto Butantan, que ainda não foram entregues.
Duque de Caxias informa ter esgotado suas doses na quinta-feira (9) e afirma não ter previsão de recebimento de mais imunizantes contra a Influenza A.
Também na Baixada Fluminense, Belford Roxo diz contar com apenas mil vacinas em estoque. A prefeitura afirma ter pedido mais imunizantes ao governo do estado, mas não há novas entregas previstas.
Niterói não informou o número de vacinas do qual ainda dispõe, mas destacou que o estoque está baixo e que já fez nossa solicitação à SES.
Essa é ainda a mesma situação relatada por São Gonçalo.
São João de Meriti relatou não ter problemas com falta de imunizantes.
Procurados para se manifestar sobre as doses para garantir a continuidade da campanha de imunização nessas localidades, o Ministério da Saúde e a SES não retornaram até o momento aos contatos feitos pela CNN.
FONTE: Por CNN