Para o vice-presidente da Câmara, a sigla que elegeu o presidente saiu esfacelada e o mesmo deverá ocorrer com sua sigla, em caso de filiação
Contrário à filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao PL, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), considera que o chefão da legenda, Valdemar Costa Neto, ao considerar a entrada de Bolsonaro, está provocando uma cisão irreversível na legenda.
“Ele está trocando um partido que sempre votou unido na Câmara por um partido rachado”, considerou Ramos.
“O PSL saiu esfacelado depois da presença do presidente e de seus fihos. O mesmo ocorrerá com o PL, caso a filiação ocorra”, previu Ramos, em conversa com o Metrópoles, na quinta-feira (18/11).
A bancada do PL na Câmara tem 43 deputados. Ramos disse que pretende conversar com Valdemar após retornar de viagem ao exterior. Ramos chegará ao Brasil nesta sexta-feira (19/11).
“Eu não tenho pressa. Até porque, acho que, no fim disso tudo, ainda há o risco de Bolsonaro escolher não se filiar. Aí, o desgaste também terá sido do PL”, conjecturou.
Para ele, a presença de Bolsonaro no PL é incompatível com os projetos regionais do próprio partido. Ele aponta ainda uma “conta que não fecha” com a chegada do clã Bolsonaro na legenda e que envolve inclusive a distribuição do fundo partidário e eleitoral durante o pleito do próximo ano.
O PL tem um fundo partidário referente a 43 deputados e terá que distribuir com candidaturas de cerca de 60 senadores, 27 governadores, e um presidente da República. “É uma conta que não fecha. Mas se Valdemar acha que vai ganhar mais com Bolsonaro na legenda, eu é que não devo entender nada”, retrucou.
Realidades regionais
Entre dissidências desenhadas em um eventual cenário de filiação do presidente ao partido, estão, por exemplo, o deputado federal Fabio Abreu (PL-PI), que deverá se desfiliar para seguir no apoio ao grupo do governador Wellington Dias (PT-PI), caso Bolsonaro entre no PL.
Para seu sucessor, Dias pretende lançar a candidatura o secretário de Fazenda do estado, Rafael Fonteles (PT). Abreu, que é ex-secretário de Segurança Pública de Dias, estará na apoio.
No Pará, apesar de os deputados do partido considerarem positiva a entrada de Bolsonaro no partido, eles pretendem continuar no apoio ao grupo do governador Helder Barbalho (MDB). O que seria também um nó a ser desfeito com Bolsonaro, já que o presidente exigiu que o partido não apoie candidaturas fora do seu leque de aliados.
Um dos casos mais importantes a serem equacionados, no entanto, é em São Paulo, onde há um acordo de apoio ao atual vice-governador (PSDB) Rodrigo Garcia, que disputará o governo do estado. “Será que Valdemar vê vantagem em retirar o apoio a Rodrigo Garcia para entregar o controle do PL de São Paulo ao Eduardo Bolsonaro?”, questionou Ramos.
“Valdemar vai abrir mão de tudo? Em nome de quê?”, enfatizou.
O PL tem em São Paulo sete deputados estaduais que são fechados com o governador João Doria, opositor de Bolsonaro e candidato nas prévias do PSDB.
Nesta semana, os senadores Jorginho Mello (PL-SC) e Wellington Fagundes (PL-MT) disseram que Valdemar Costa Neto tem carta branca para acertar os detalhes para a filiação de Jair Bolsonaro.
“Valdemar nunca precisou fazer reunião para ter carta branca no PL”, criticou Ramos.
Após ter se reunido com lideranças do partido, Valdemar deve se encontrar com Bolsonaro nesta sexta-feira (19/11), assim que o presidente voltar da viagem ao Oriente Médio.
FONTE: Por Metrópoles