Aos 29 anos, sobrinha do imperador Naruhito se tornará uma cidadã comum após se casar com Kei Komuro na terça-feira (26)
A princesa Mako do Japão se casará com um plebeu em um ritual moderado na terça-feira (26) após um noivado de três anos atormentado por escândalos e especulações da mídia, que deixou a sobrinha do imperador de 29 anos com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Ela se tornará uma cidadã comum após se casar com Kei Komuro, um japonês graduado em direito de 30 anos que mora em Nova York, de acordo com as leis que determinam que as mulheres da família imperial abandonem o status real para se casar com plebeus.
O casamento na terça-feira consistirá principalmente em preencher a papelada e, em seguida, dar uma entrevista coletiva.
Embora casar fora da realeza não seja incomum no Japão, a falta de pompa para um casamento real é. Mako recusou até o pagamento usual de US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 7,28 milhões) dado às mulheres que deixam a família.
Noivado sob críticas
O noivado inicialmente aclamado pelo povo japonês logo se tornou problemático quando os tabloides relataram um escândalo financeiro envolvendo a mãe de Komuro, levando a imprensa a se voltar contra ele.
Na ausência de explicações claras por parte da Agência da Casa Imperial, que comanda a vida da família, a história se espalhou para a grande imprensa, geralmente escrupulosa nas reportagens envolvendo a família real.
“A realeza britânica em sido muito clara quando precisa explicar as coisas. Neste caso, a realeza japonesa nunca esclareceu as coisas”, disse Hideya Kawanishi, professor da Universidade de Nagoya.
A saga de Mako e Komuro começou silenciosamente em 2017, quando os dois namorados da faculdade anunciaram seu noivado.
“Ficarei feliz se puder criar uma família calorosa e confortável, cheia de sorrisos”, disse Mako em entrevista coletiva, com trocas de olhares amorosos que cativaram a nação.
Mas poucos meses depois, os tabloides relataram uma disputa financeira entre a mãe de Komuro e seu ex-noivo, com o homem alegando que mãe e filho não haviam pago uma dívida de cerca de US$ 35.000 (R$ 195 mil).
Komuro disse que o dinheiro foi fornecido como um presente, não como um empréstimo. Em 2021, ele divulgou uma explicação de 24 páginas e também disse que pagaria um acordo.
Em fevereiro de 2018, o casamento foi adiado até 2020, aparentemente para ter mais “tempo de preparação”. Seis meses depois, Komuro deixou a faculdade de direito da Fordham University, para a qual retornou apenas três anos depois.
“A família real deve existir sem problemas relacionados a dinheiro, economia ou política”, disse Akinori Takamori, professor da Universidade Kokugakuin, em Tóquio. “Moralmente, os japoneses querem que eles sejam impecáveis.”
O pai de Mako, o príncipe herdeiro Akishino, disse em uma entrevista coletiva em 2018 que, sem resolver a questão financeira, o casamento não poderia acontecer, acrescentando que ele e sua filha “não se falam com tanta frequência”.
Ele cedeu, relutantemente, depois que Mako emitiu um comunicado em novembro de 2020 dizendo que o casamento era “uma escolha necessária”.
“Casamento não abençoado”
Komuro voltou ao Japão em setembro como graduado da Fordham e funcionário de um escritório de advocacia de Nova York, mas seu cabelo com rabo de cavalo casual causou um frenesi na mídia por ser considerado “desrespeitoso”.
Ele visitou os pais de Mako no início desta semana vestindo um terno escuro e gravata, com o rabo de cavalo tosado. Tabloides destacaram que ele chegou atrasado devido engarrafamentos.
Após o casamento na terça-feira, Mako – que nunca teve sobrenome ou passaporte antes – se prepara para mudar para Nova York.
Embora a história deles tenha evocado comparações com o príncipe Harry e Meghan Markle da Inglaterra, que deixaram a realeza britânica em 2020 e se mudaram para os Estados Unidos, Takamori citou diferenças cruciais.
“Não há lugar para Komuro no Japão, então Mako, apesar do afeto por sua família, não pode ficar. Não é que eles tenham brigado com sua família.”
Os japoneses comuns têm sentimentos mistos, mostram as pesquisas de opinião.
“Como pai de meninas, acho que deve ser muito doloroso para o pai dela reconhecer um casamento não abençoado”, disse Yoshinori Okabe, um dentista de 63 anos.
Mas Chiaki Kadota, de 29 anos, disse que trata-se de um assunto privado: “Pessoalmente, acho melhor deixá-los em paz”.
FONTE: Por REUTERS