PM foi flagrado ao fazer serviço de segurança durante a ida de Mouhamad Moustafa ao Centro de Operações e Controle da Seap para retirada da tornozeleira eletrônica.
A Diretoria de Justiça e Disciplina da Polícia Militar (DJD) instaurou um procedimento administrativo para apurar o caso de um policial militar em serviço que foi flagrado fazendo trabalho de segurança privada para Mouhamad Moustafa, alvo da operação Maus Caminhos. A informação foi confirmada ao G1 nesta quinta-feira (12).
O PM foi flagrado ao fazer serviço de segurança privada durante a ida do médico ao Centro de Operações e Controle – COC/SEAP-AM, para retirada da tornozeleira eletrônica na terça-feira (10). O médico foi até o local após o Tribunal Regional Federal da 1ª Região conceder habeas corpus a ele.
A reportagem compareceu na sede do COC, no bairro Cachoeirinha, na Zona Sul da capital, para registrar apenas imagens do médico no local, mas foi surpreendida pelas cenas.
Cerca de 30 minutos antes do médico chegar ao COC, uma viatura da Polícia Militar, com a numeração da Zona Oeste, especificamente da 19ª Companhia Interativa Comunitária, estaciona ao lado do prédio.
A PM que atende o bairro da Cachoeirinha é a 1ª Cicom, Zona Sul. E o policial em questão, segundo o portal da transparência, é lotado na 10ª Cicom, no bairro Alvorada.
Dois PMs estavam dentro dessa viatura. Um deles desce do carro, vai à portaria do COC e questiona algo do guarda. Em seguida, ele retorna para o carro e aguarda a chegada de Mouhamad Moustafa.
Por volta das 10h15, o carro do médico é estacionado ao lado do prédio. Mouhamad Moustafa chega acompanhado do advogado e do motorista, mas é recepcionado pelo PM, que desce da viatura para cumprimentá-lo.
O G1 registrou o cumprimento entre ambos. O PM leva o médico até a entrada do prédio, aguarda ao lado de fora enquanto conversa com o motorista pessoal de Moustafa.
O PM ficou cerca de 20 minutos ao lado de fora com o motorista de Mouhamad Moustafa e, juntos, aguardavam a saída do médico, mas o policial deixou o local antes do médico depois de ver a equipe de reportagem.
A defesa do médico informou ao G1 que Moustafa não estava sendo escoltado por ninguém. “Ele veio à SEAP acompanhado por mim, advogado, e por um motorista.O policial militar, quando chegamos, estava aqui na SEAP e não nos acompanhou”, disse o advogado Fabricio Parente.
O G1 também entrou em contato com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária. O órgão orientou que a reportagem procurasse a PM, pois o agente estava em serviço e afirmou que o caso não tem relação com a Seap.
Quem é Mouhamad Moustafa?
O médico foi condenado a 15 anos de prisão por desvio de dinheiro da Saúde do Amazonas. Ele foi preso durante a operação Maus Caminhos, que aconteceu em 2016, e apontou o desvio de pelo menos R$ 100 milhões.
Apesar da condenação, decretada em 2018, Mouhamad já havia deixado a cadeia em agosto do ano passado, após ter a prisão convertida para o regime semiaberto. Ele retirou a tornozeleira eletrônica.
O pedido de habeas corpus foi aceito pela desembargadora do TRF1, Mônica Sifuentes, no dia 3 deste mês. De acordo com o advogado do médico, Fabrício Parente, o acórdão só foi assinado pela desembargadora na sexta-feira (6) e, então, encaminhado à 4ª Vara do TRT e Seap.
A desembargadora afirma que a manutenção de medidas cautelares referentes à prisão de Mouhamad se mostra desnecessária. Ela justifica que ele cumpriu prisão preventiva por mais de quatro anos e está em liberdade há mais de um ano, “sem que tenha dado causa a qualquer conduta capaz de pôr em risco a ordem pública ou econômica; a aplicação da lei penal; ou a instrução criminal; quando já sentenciada a ação penal subjacente”.
FONTE: G1 AM