Retorno de 100% das aulas presenciais foi autorizado no sábado (7), após reunião do comitê de combate à pandemia no AM. No entanto, aulas já vinham ocorrendo de forma semipresencial desde junho.
A duas semanas do retorno de 100% das aulas presenciais no Amazonas, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) diz que ainda define estratégias para a retomada das atividades. A volta às aulas está marcada para o dia 23 de agosto em Manaus e para o dia 8 de setembro no interior do estado.
O retorno de 100% das aulas presenciais foi autorizado no sábado (7), após reunião do comitê de combate à pandemia da Covid-19 no Amazonas. No entanto, as aulas já vinham ocorrendo de forma semipresencial desde junho.
Para evitar aglomeração nas salas de aula, as turmas foram divididas pela metade: uma parte assiste às aulas em um dia, enquanto o resto da classe acompanha pela internet. No outro dia, as turmas se invertem.
O G1 questionou a Seduc sobre como seria o retorno. Em nota, a secretaria explicou que ainda está alinhando junto à Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) as estratégias, tanto para Manaus quanto para o interior interior.
Para o professor Eliseu Souza, que é membro da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, vinculado ao Centro de Estudos Superiores de Parintins (CESP/UEA), colegiado de pedagogia, o governo precisa explicar com maior clareza sobre o retorno imediato às salas de aula.
“Essa medida de retorno 100% eu não sei muito bem o que o governo pensa. Estávamos no sistema de 50% dos estudantes em um dia e 50% em outro, o que eu entendo que já há 100%. O que eu não sei é se o governo quer 100% todos os dias. E aí ele precisaria se explicar um pouquinho melhor, porque não está muito claro”.
Souza também explicou que seria importante ouvir os pais nesse processo de retorno. Para ele, a Seduc está fazendo seu papel, mas a participação popular é necessária. “O Conselho Estadual de Educação precisava fazer algumas audiências públicas para ouvir a comunidade. Até então, a Seduc está fazendo o papel dela, mas não está ouvindo a comunidade. Muitos pais ainda não se sentem seguros com esse retorno, ainda há contaminação”.
Mas, apesar da volta às aulas, o professor disse que não acredita que os estudantes vão conseguir recuperar o tempo perdido. Para ele, será necessário muito planejamento e esforço de todos os agentes envolvidos para que se faça uma projeção de como a educação vai se desenhar no Amazonas no futuro. Mudar o calendário letivo seria uma das apostas.
“Eu acredito que não é possível recuperar o tempo perdido. Não temos como recuperar o que se foi. O que podemos fazer é projetar o futuro, que ainda está incerto. O calendário letivo não deveria depender do calendário civil. Ainda estamos muito amarrados de janeiro a dezembro, ou seja, precisamos compreender que o calendário letivo precisa favorecer a aprendizagem. Se não temos um tempo para desenvolver essa aprendizagem até dezembro, precisaríamos esticar”.
E se o problema já é devastador na educação da capital, no interior a situação ainda é pior. O professor contou que na semana passada participou de um encontro em Parintins, na região do Baixo Amazonas, sobre a situação escolar do município e os dados relatados pela coordenação de educação foram assustadores.
“Participamos de uma reunião aqui em Parintins sobre as aulas e o coordenador nos trouxe um dado preocupante: de 12 mil estudantes no ensino regular, mais ou menos seis mil não voltaram para a escola. E eles não tem contato nenhum com esses estudantes. Muitos foram para a zona rural, outros os próprios pais não se sentem seguros de mandar para a escola. Precisamos pensar nesses alunos. Bem ou mal as aulas pelas redes sociais melhoraram bastante em relação ao ano passado”.
FONTE: G1 AM