“Temos hoje o ruim, que é Bolsonaro, e o péssimo, que é a volta do PT. Não podemos nos resumir a isso”, disse o general Paulo Chagas
Grupos de militares têm defendido uma terceira via em alternativa ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições 2022. A CNN conversou, nos últimos dias, com generais da reserva que disseram que o apoio a Jair Bolsonaro não é uniforme mesmo dentro das tropas e que há rechaço não só ao seu questionamento do sistema de votação, mas também ao seu governo e à sua forma de governar.
Apenas um deles, o general Paulo Chagas, aceitou falar abertamente sobre o assunto. “A terceira via que muitos militares da ativa e da reserva com que tenho conversado defendem é uma proposta semelhante a de Bolsonaro em 2018, mas que ele não executou. Temos hoje o ruim, que é Bolsonaro, e o péssimo, que é a volta do PT. Não podemos nos resumir a isso”, disse o general.
Outros generais com que a CNN conversou sob reserva vão na mesma linha. Um deles afirma que os oficiais que hoje cercam o presidente não representam o pensamento médio das tropas. E que as ameaças que Bolsonaro e o ministro da Defesa, Braga Netto, têm feito acerca das eleições não encontram respaldo dentro das forças.
Dois institutos de Brasília ligados a militares, inclusive, têm feito estudos sobre projetos alternativos de país. Um é o Instituto Vilas-Boas, gerido pelo ex-comandante do Exército, Vilas-Boas, e outro é o Instituto Sagres, também comandado por militares. Em geral, há um incômodo com uma eventual vitória de Bolsonaro ou de Lula, e a avaliação de que qualquer que seja o resultado, o país passará por mais quatro anos de intenso conflito político.
Os generais com que a CNN conversou também dizem não acreditar que as Forças Armadas apoiariam uma ruptura institucional, ainda que seja estimulada pelo presidente, caso perca as eleições. Eles avaliam haver uma forçação de barra por parte do presidente para mostrar que as tropas estão ao seu lado, mas dizem não apostar que isso se materializaria em alguma aventura golpista.
FONTE: Por Caio Junqueira, CNN