Comissão completou 45 dias na última sexta-feira (11) e avança agora para a segunda metade, caso os trabalhos não sejam prorrogados por mais 90 dias
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia de Covid-19 completou 45 dias na última sexta-feira (11) e entra nesta semana na sua segunda metade, uma vez que a CPI foi constituída inicialmente por um prazo de 90 dias. Ainda há a possibilidade de que a duração da comissão seja prorrogada por mais três meses.
Estão previstos para esta semana os depoimentos do ex-secretário de Saúde do estado do Amazonas Marcellus Campêlo, do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC), do empresário Carlos Wizard, do auditor do TCU Alexandre Figueiredo e dos médicos Ricardo Ariel Zimerman e Francisco Eduardo Cardoso Alves.
Confira abaixo quem prestará depoimento à CPI na próxima semana:
Terça-feira (15) – Marcellus Campêlo, ex-secretário de Saúde do estado do Amazonas
Na terça-feira (15), os parlamentares vão ouvir o ex-secretário de Saúde do estado do Amazonas Marcellus Campêlo.
Os requerimentos de convocação foram apresentados pelos senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Alessandro Vieira (sem partido-SE). Rogério pede que o ex-secretário esclareça os fatos “no tocante ao colapso da saúde no estado do Amazonas no começo do ano”, ao enfrentamento da pandemia pelo governo federal e à fiscalização da aplicação de recursos federais por estados e municípios no combate à pandemia.
Já Vieira solicita que Campêlo explique “todas as circunstâncias relativas ao colapso da saúde na capital amazonense no início do ano, especialmente com relação à falta de oxigênio e à atuação dos gestores públicos para a resolução da crise”.
Marcellus Campêlo era secretário de Saúde do Amazonas durante a crise do oxigênio que atingiu o estado. No dia 2 de junho de 2021, ele foi preso pela Polícia Federal no âmbito da Operação Sangria, e cinco dias mais tarde pediu exoneração do cargo.
Segundo ele, a decisão foi tomada para facilitar ao máximo o acesso das autoridades aos documentos sobre contratos e decisões que tomou à frente do órgão e não restar dúvidas sobre sua conduta à frente da pasta.
Uma oitiva com o chefe direto de Campêlo, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC) estava marcada para a última quinta-feira (10). O gestor estadual, no entanto, obteve um habeas corpus — concedido pela ministra do STF Rosa Weber — e não compareceu ao Senado.
Quarta-feira (16) – Wilson Witzel, ex-governador do Rio de Janeiro
Na quarta-feira (16) será a vez do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel prestar depoimento à CPI.
A convocação do ex-juiz federal tem relação com as suspeitas de compras superfaturadas de equipamentos hospitalares para o combate à pandemia que culminou com o impeachment.
Witzel é investigado pela suspeita de práticas irregulares na área da Saúde. De acordo com denúncia do Ministério Público Federal, a partir da eleição do ex-juiz “estruturou-se no âmbito do governo estadual uma organização criminosa, dividida em três grupos, que disputavam o poder mediante o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos”.
Liderados por empresários, esses grupos lotearam algumas das principais pastas estaduais, como a Secretaria de Saúde, “para implementar esquemas que beneficiassem suas empresas”.
Ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Wilson Witzel tem criticado a gestão do governo federal à frente da pandemia e, inclusive, chegou a chamar as medidas tomadas pelo Palácio do Planalto de “negacionistas”.
Nesta segunda-feira (14), a defesa do ex-governador pediu ao STF para que Witzel preste depoimento na condição convidado e não como testemunha. A informação é do analista da CNN Leandro Resende.
Quinta-feira (17) – Carlos Wizard, empresário, e Alexandre Marques, auditor do TCU
O depoente da quinta-feira (17) deve ser o empresário Carlos Wizard. Ele foi cotado para secretário de Ciência e Tecnologia, do ministério da Saúde, área que cuida da incorporação de medicamento e tecnologias no SUS.
Wizard também é apontado como integrante de um suposto “gabinete paralelo” que orienta o presidente Jair Bolsonaro em ações referentes à pandemia de Covid-19.
A presença do empresário, no entanto, ainda é incerta. Na última quinta-feira (10), o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues, afirmou à CNN que a comissão decidiu pedir condução coercitiva de Wizard à justiça porque ele não respondeu à notificação de que deveria prestar depoimento.
A CPI notificou o empresário em sua casa no interior de São Paulo. A comissão, porém, de acordo com Randolfe, recebeu informações de que ele está nos Estados Unidos.
“O paradeiro de Wizard é desconhecido e incerto. Ele sumiu”, disse o senador. “Se estiver no exterior mesmo, a PF vai esperá-lo no aeroporto”, complementou.
Após a oitiva com o empresário, os senadores também vão ouvir o auditor do Tribunal de Contas da União Alexandre Figueiredo, suspeito de incluir uma tabela com dados equivocados sobre coronavírus no sistema do TCU. O documento foi utilizado pelo presidente Jair Bolsonaro como base para afirmar, equivocadamente, que metade das mais de 470 mil mortes registradas no Brasil não foram por Covid-19.
Sexta-feira (18) – Ricardo Ariel Zimerman, médico infectologista, e Francisco Eduardo Cardoso Alves, médico
Diferente do dia anterior, quando os depoentes serão ouvidos separadamente, os médicos Ricardo Ariel Zimerman e Francisco Eduardo Cardoso Alves prestarão depoimento de forma simultânea.
Ambos defenderam o “tratamento precoce” contra a Covid-19, com cloroquina e ivermectina, mesmo sem comprovação de eficácia e devem ser questionados acerca disso.
Errata: o Senado Federal havia informado que a oitiva de sexta-feira (18) seria com o médico Ricardo Dias Zimmermann. A Casa, no entanto, retificou que o depoente será o médico Ricardo Ariel Zimerman.
FONTE: Renato Barcellos, da CNN, em São Paulo