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Estudo aponta que queimadas na Amazônia aumentam risco de internação por problemas respiratórios

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15 de setembro - Parte de uma árvore na Floresta Amazônica é vista em chamas no território indígena de Tenharim Marmelos, na Amazônia. Segundo dados do Inpe, quase 20 mil focos de queimadas foram registrados na Amazônia em setembro. No acumulado do ano foram registrados quase 88 mil focos de queimadas, um aumento de 28% em relação ao mesmo período de 2018 — Foto: Bruno Kelly/Reuters/Arquivo

Poluentes das queimadas causam uma inflação persistente e aumentam o risco de infecção por vírus que atingem o trato respiratório, entre eles, o coronavírus.

As queimadas na Amazônia elevaram os percentuais de internações hospitalares por problemas respiratórios nos últimos 10 anos (2010-2020) nos estados com maiores números de focos de calor, entre eles, Pará, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Acre. É o que aponta um estudo da Fiocruz e do WWF-Brasil, que estima em R$ 1 bilhão os gastos com doenças respiratórias nos últimos 10 anos.

O levantamento aponta ainda que a pandemia de Covid-19 associada com as queimadas florestais na Amazônia podem ter agravado a situação de saúde da população da Amazônia legal. De acordo com a pesquisa, os poluentes das queimadas causam uma inflação persistente e aumentam o risco de infecção por vírus que atingem o trato respiratório, entre eles, o coronavírus.

O estudo mostra que, mesmo com a possível subnotificação na base de dados do DataSUS, os valores diários de poluentes são elevados e contribuíram para aumentar em até duas vezes o risco de hospitalização por doenças respiratórias causadas pela concentração de fumaça nos estados analisados.

No Amazonas, 87% das internações hospitalares no período analisado estão relacionadas às altas concentrações de fumaça. O percentual foi de 68% no Pará, de 70% em Mato Grosso e de 70% em Rondônia. Já as doenças respiratórias associadas às altas concentrações de partículas de poluentes emitidas pelas queimadas respondem por 70% das internações hospitalares registradas no Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas.

A pesquisadora Sandra Hacon, da Ensp/Fiocruz, afirma que apesar dos percentuais de internação hospitalar por doenças respiratórias na região terem se mantido estáveis entre 2010 e 2020, uma parte dessas internações podem ser atribuídas às concentrações de fumaça emitidas por incêndios florestais. “As micropartículas que compõem a fumaça ficam depositadas nas cavidades dos pulmões, agravando os problemas respiratórios. Elas são um fator de risco para pessoas que já possuem comorbidades”, diz.

Em 2020, o Brasil alcançou o maior número de queimadas na década. Segundo o INPE, a floresta amazônica registrou 103.161 focos ante 89.171 em 2019, um aumento de 15,7%. A destruição impacta não só na saúde das pessoas, mas todo o ecossistema, que sofre todos os anos durante o ciclo das queimadas intensificado no período de seca, ressalta Edegar de Oliveira, diretor de Conservação e Restauração do WWF-Brasil.

O estudo traz algumas recomendações para o poder público, como melhorias dos sistemas oficiais de vigilância e monitoramento em saúde, especialmente os direcionados às populações indígenas da Amazônia, além da implantação de políticas de redução do desmatamento e queimadas. Ressalta, ainda, a necessidade de promover a prevenção do controle de zoonoses, pois os custos associados com prevenção são substancialmente menores, comparados com os custos econômicos, sociais e de saúde no controle de potenciais epidemias e ou pandemias.

FONTE: G1 AM

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