Ex-presidente não descartou a sua candidatura e a possibilidade de alianças com o centro, mas disse que é cedo para discutir esses assuntos
O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) respondeu às críticas feitas contra ele pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT), seu atual rival no campo da esquerda. Lula pediu “maturidade” ao pedetista.
“Ele (Ciro) não pode falar de meninice. Se ele quer ser presidente, ele tem que respeitar as pessoas. Ele tem primeiro que se reeducar”, disse Lula, ao responder a uma pergunta da CNN sobre a possibilidade de uma frente ampla com Ciro, mesmo após o ex-ministro dizer ontem que o petista não pode ser considerado inocente das acusações de desvio de dinheiro em seu governo.
“Porque se ele continuar com essas grosserias todas, ele não vai ter apoio da esquerda, não vai ganhar confiança da direita e vai ter menos votos do que nas eleições que ele participou até agora. Ele tem que aprender, porque humildade não faz mal a ninguém”, respondeu Lula.
“”Não é possível alguém passar a ideia de ser inteligente, de que leu tanto e ser tão ignorante. Ele acha que é professor de Deus.””
Ontem, Ciro disse que Lula foi perseguido injustamente pelo ex-juiz Sergio Moro, mas “não é que o Lula seja inocente”. “Conheço o Lula de longa data. A ladroeira e a corrupção fazia parte do modus operandi do governo Lula e do governo Dilma.”, disse Ciro. “A mim, eles não me enganam.”
“Ele acha que ele é o quê? Se aos 64 anos ele, não aprendeu, ele tem chance ainda. Mas se ele chegar aos 70 com essa ignorância ele não vai aprender mais nada”, completou Lula.
Indefinição sobre 2022
Mais cedo, Lula afirmou que ainda não definiu se será o candidato do Partido dos Trabalhadores na eleição presidencial de 2022. “A minha cabeça não tem tempo para pensar em candidatura em 2022”, disse.
“Eu seria pequeno se estivesse pensando em 2022 nesse instante. No ano de 2022, o partido vai pensar quando chegar o momento de fazer as suas convenção e discutir se terá candidato, ou se será candidato em uma frente ampla”, afirmou.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de uma composição política ampla com base em alianças com o centro e setores do empresariado, Lula disse que só será possível definir a criação de uma frente fora do espectro da esquerda no momento da escolha dos candidatos.
“O Partido dos Trabalhadores precisa colocar as suas lideranças para andar o país”, disse.
O petista relembrou a articulação com o seu vice-presidente José Alencar na eleição presidencial que o levou ao Planalto em 2002. “Foi a primeira vez que nesse país que nós fizemos uma aliança entre o capital e o trabalho”.
Segundo Lula, a criação de problemas menores pode inviabilizar a construção de alianças políticas. “Eu estou convencido de que ela (aliança) será possível, por isso nós precisamos ter paciência”.
FONTE: Weslley Galzo, da CNN, em São Paulo