Alertado pela equipe econômica de risco de agravamento do cenário econômico, o Palácio do Planalto decidiu enquadrar sua base aliada na votação da PEC Emergencial e garantiu uma vitória folgada na votação do primeiro turno da medida na noite de quarta-feira (3) no Senado Federal.
Pela manhã, o clima era de preocupação para a equipe econômica. Até líderes governistas estavam defendendo a exclusão do programa Bolsa Família do teto dos gastos públicos e inclusive, em alguns casos, que as contrapartidas fiscais incluídas na PEC fossem votadas em outro momento, com aprovação apenas da autorização para nova rodada do auxílio emergencial.
Alguns líderes governistas disseram ter recebido inicialmente um aval até do presidente Jair Bolsonaro para retirar o orçamento do Bolsa Família, de R$ 35 bilhões, do teto. Com isso, neste ano, além do auxílio emergencial, que deve custar em torno de R$ 40 bilhões, mais R$ 35 bilhões ficariam fora do teto, o que gerou tensão no mercado e fez o dólar subir.
O Banco Central foi obrigado a intervir no mercado, mas mesmo assim a moeda norte-americana continuou pressionada. O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, conversou com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e ouviu que o risco de agravamento do cenário econômico era real se mais despesas ficassem fora do teto e as contrapartidas fiscais não fossem aprovadas.
O ministro da articulação política decidiu, então, ir para o Congresso Nacional como um mensageiro do presidente Bolsonaro, levando a posição final do chefe, de que o governo não defendia a exclusão do Bolsa Família do teto e que a aprovação das contrapartidas fiscais era essencial para a retomada do auxílio emergencial.
O recado foi passado, de que o governo cobrava um apoio de seus aliados, que fecharam com o Palácio do Planalto. O resultado foi uma votação com 62 votos a favor do relatório do senador Márcio Bittar. Acabou sendo uma vitória do governo, principalmente dos ministros Luiz Eduardo Ramos e Paulo Guedes.
Mas a batalha ainda não está encerrada. O Senado ainda precisa votar o segundo turno e a PEC Emergencial tem de ser votada na Câmara dos Deputados, o que deve acontecer na próxima semana, sem mudanças, para que o governo comece a pagar a nova rodada do auxílio emergencial ainda em março.
FONTE: G1 AM